Desigualdades no acesso a saneamento básico na zona rural do município de Pelotas, RS
Resumen
Introdução: O saneamento básico compreende um conjunto de serviços e instalações divididos em quatro componentes: 1) abastecimento de água potável, 2) esgotamento sanitário, 3) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e 4) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas (BRASIL, 2013). Melhoras nas condições de saneamento foram conquistas importantes na história recente do Brasil, contribuindo na diminuição da carga de doenças infecciosas (BARRETO et al., 2011) e da mortalidade infantil (VICTORA, 2009). Contudo, as desigualdades no acesso ainda são marcantes e falta informação de como e em que proporção ocorrem as desigualdades no meio rural. Estudos transversais de base populacional são um delineamento adequado para estudar desigualdades,
permitindo obter estimativas representativas da situação da população. Porém, de modo geral, pesquisas de base populacional na zona rural são raras, devido a inúmeras especificidades, como o custo operacional e dificuldade logística (GONÇALVES et al., 2018). Objetivo: Descrever as condições de saneamento básico na zona rural do município de Pelotas, RS, e verificar a existência de
diferenças no acesso em relação ao sexo do chefe do domicílio, nível socioeconômico e região geográfica. Metodologia: Os dados desta pesquisa são de um estudo transversal de base populacional realizado em 2016 com 716 domicílios da zona rural de Pelotas. As condições de saneamento foram avaliadas utilizando três indicadores: abastecimento de água, esgoto sanitário e destino do lixo. Estes indicadores foram avaliados de forma individual e combinado. De forma combinada o indicador composto (ou seja, os três indicadores juntos), categorizado em: sem acesso (acesso inadequado nos três indicadores); acesso adequado a um serviço, acesso adequado a dois serviços e acesso completo. A associação dos indicadores com sexo do chefe do domicílio, nível socioeconômico e região geográfica foram verificadas a partir do teste de qui-quadrado. Resultados: Apenas 2,1% (IC 95% 0,5 – 7,2) dos domicílios na zona rural de Pelotas possuía saneamento básico adequado (com base nos três indicadores) e, para 20,7% (IC 95% 10,3 – 36,4) dos domicílios, o acesso foi inadequado nos três indicadores. Domicílios chefiados por homens e mais distantes da zona urbana apresentaram,
em média, piores condições de saneamento. Associações com medidas de nível socioeconômico não se mantiveram após ajuste para região geográfica. Conclusões: Estes resultados evidenciam que praticamente inexiste saneamento básico adequado na zona rural de Pelotas. Isto indica a urgência da situação de saneamento entre os povos do campo e pode subsidiar gestores públicos na tomada de decisões, formulação de políticas públicas e fortalecimento de programas já existentes.
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