As dicotomias da Nação: o espaço em Eterna paixão e Venenos de Deus, remédios do Diabo
Resumo
Os estudos comparados têm permitido operar uma descentralização da literatura, promovendo uma abertura para o estudo de obras literárias até então consideradas periféricas. O estudo aqui apresentado realiza um comparativo entre as obras Eterna paixão (1994), de Abduali Sila, escritor guineense e Venenos de Deus, remédios do Diabo (2008), de Mia Couto, escritor moçambicano. Este construto teórico analisa temas como comunidades imaginadas, observadas pelos espaços externo (esfera pública) e interno (esfera privada) no período pós-colonial. Esse momento da história torna-se singular para as jovens nações africanas, porque é um período de tensões geradas por inúmeros aspectos culturais locais e questões ligadas à modernidade. As ideias para a reflexão e explanação das questões teóricas concernentes a este trabalho são iluminadas principalmente por Henry Lefebvre, Partha Chatterjee, Hommi Bhabha, Kwame Appiah e Stuart Hall, em relação ao espaço, as comunidades imaginadas, cultura, nação e identidade. Cada uma das obras observadas revelam a sua comunidade imaginada, isto é, criam uma imagem de nação para refletir acerca dos rumos que seus países tomaram após um longo período de colonização. Com efeito, constata-se a dificuldade de compreensão dos sujeitos em como lidar com os costumes e mitos locais em relação à modernidade. Desse modo, criam-se dicotomias da nação que manifestam as diferenças entre o local e o global e como estas diferenças acabam se conformando na construção da imagem nacional.
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