Atividade antimicrobiana de extratos e óleos essenciais de araçá (Psidium cattleianum S.) e pitanga (Eugenia uniflora L.) sobre patógenos de origem alimentar
Resumo
As doenças transmitidas por alimentos são um grande problema de saúde pública.
Nos últimos anos, estudos têm sido realizados com frutas nativas do Brasil e
direcionados à descoberta de novos agentes antimicrobianos, provenientes de
plantas, para que possam ser utilizados como antimicrobianos naturais por
apresentarem compostos bioativos na sua composição. O objetivo deste estudo foi
caracterizar quimicamente, avaliar e comparar a atividade antimicrobiana de óleos
essenciais e extratos metanólicos de Psidium cattleianum S. (araçá) e Eugenia
uniflora L. (pitanga) contra cepas padrão e isolados provenientes de alimentos
cárneos de Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Salmonella spp. e Listeria
monocytogenes. Através da cromatografia gasosa acoplada a espectrofotometria
realizada para os óleos essenciais foi identificado 21 compostos para P. cattleianum
S., sendo o beta-cariofileno (20,40%) o principal e 14 constituintes para E. uniflora L.
com o elixeno (24,47%) como majoritário. Já na caracterização química dos extratos
utilizando cromatografia por HPLC-UV encontraram como ácidos fenólicos 2,95mg.g-
1 de ácido gálico (E. uniflora L.) e 2,08mg.g-1 de ácido cafeico (P. cattleianum S.). Na
determinação de compostos fenólicos totais, os resultados mostraram 1,72mg.g-1 de
fenóis totais para o extrato de E. uniflora L. e 7,1mg.g-1 para P. cattleianum S.. A
análise do perfil de sensibilidade das cepas e isolados mostrou que os isolados e
cepa padrão de Salmonella apresentaram 100% de sensibilidade a pelo menos 4
antimicrobianos (estreptomicina, gentamicina, norfloxacina e levofloxacina), os
isolados e a cepa padrão de S. aureus apresentaram 100% de sensibilidade frente a
norfloxacina, ciprofloxacina e gentamicina; a cepa padrão e os isolados de E. coli
foram sensíveis a onze dos dezesseis antimicrobianos avaliados; e a cepa e os
isolados de Listeria apresentaram 100% de sensibilidade a cloranfenicol,
gentamicina, trimetoprima e levofloxacina. Foram realizadas análises
microbiológicas: potencial antimicrobiano, concentração inibitória mínima (CIM) e
concentração bactericida mínima (CBM), sendo que nos testes o óleo essencial de
E. uniflora L. foi utilizado em concentrações variando entre 270mg.mL-1 a 1,6mg.mL-
1, P. cattleianum entre 291,3mg.mL-1 a 1,7mg.mL-1. Já para os extratos, o extrato
metanólico de E. uniflora L. variando entre 251,7mg.mL-1 a 1,5mg.mL-1 e o de P.
cattleianum S. entre 244,4mg.mL-1 a 1,4mg.mL-1. Os resultados mostraram que as
concentrações de CIM de 107,8mg.mL-1 para o extrato de E. uniflora L., de
244,4mg.mL-1 para o extrato de P. cattleianum S., 291,3 mg.mL-1 para o óleo
essencial de P. cattleianum S. e 54 mg.mL-1 para o óleo de E. uniflora L. foram as
concentrações que garantiram a inibição de todos os micro-organismos testados. O
óleo essencial de E. uniflora L. foi o mais eficaz para inibir o crescimento de
bactérias de importância alimentar, pois apresentou a concentração de 54mg.mL-1
como a menor concentração suficiente para inibir todas as bactérias testadas e
270mg.mL-1 para eliminá-las