Superação de dormência e influência da temperatura, substrato e fotoperíodo na germinação de sementes de Erythrina crista-galli L. (FABACEAE)
Abstract
Erythrina crista-galli L. (FABACEAE), conhecida no Rio Grande do Sul como
Corticeira-do-banhado, é uma árvore natural do Brasil, Uruguai, Paraguai, leste da Bolívia e
Argentina. É encontrada em várzeas pantanosas ou alagadiças, muito frequente nas formações de
florestas de galerias e é cultivada para fins ornamentais e de restauração de ambientes naturais, uma
vez que adapta-se bem a ambientes úmidos e relativamente secos e compõe as formações naturais
de ampla área de distribuição. As Regras de Análises de Sementes - RAS (2009) não possuem
orientações para a realização de testes de germinação da espécie. O objetivo deste trabalho foi
avaliar o desempenho de três tratamentos para a superação de dormência das sementes (Ácido
sulfúrico, água quente e escarificação mecânica) e de condições para a realização de testes de
germinação: dois substratos adequados ao tamanho das sementes de E. crista-galli (entre areia e
entre papel, conforme estabelece as RAS 2009), e dos fotoperíodos de 8 e 16 horas de luz,
submetidos às temperaturas de 15, 20, 25, 30 e 35 ºC e ainda realizar avaliações biométricas em
frutos e sementes. Foram utilizadas sementes de frutos coletados de sete matrizes adultas em um
fragmento de mata de galeria próximo à Barragem Emergencial do Piraizinho, em Bagé, RS (Coord.
31º 17 30.55 S - 54º 10 22.55 W), em janeiro de 2011. Os testes foram conduzidos no Laboratório
de Análise de Sementes (LAS) do Instituto Biotecnológico de Reprodução Vegetal (INTEC), da
Universidade da Região da Campanha, em Bagé, RS. Em função da pequena disponibilidade de
sementes viáveis (46% do total coletado), foram utilizadas 4 repetições de 10 sementes em cada
tratamento. O melhor desempenho nos testes de superação de dormência foi a escarificação
mecânica com lixa nº 80, na extremidade oposta à micrópila (sem embebição) e posterior e assepsia
com exposição por 5 min ao hipoclorito de sódio a 1 %. Foi realizado inicialmente o teste para
determinar melhor substrato e fotoperíodo, sendo o experimento realizado à temperatura de 20-30ºC.
Os resultados dos testes mostraram que não houve diferença (Tukey, a 5%) entre nenhum dos
tratamentos, tanto para os substratos testados quanto para os fotoperíodos. Porém, visando a
simplificação das rotinas de trabalho em laboratório padronizou-se em testes posteriores o uso do
substrato entre papel e o fotoperíodo de 8h de luz. Posteriormente realizou-se os testes nas
temperaturas de 15, 20, 25, 30 e 35ºC. Dos resultados das avaliações verificou-se que a temperatura
ótima para os testes de germinação de E. crista-galli (escarificadas mecanicamente, com assepsia
com hipoclorito de sódio a 1% por 5 minutos, no substrato entre papel e com 8h de luz) foi a
temperatura constante de 30ºC (temperatura de melhor desempenho do IVG), mesmo que não
apresentasse diferença para a temperatura alternada de 20-30ºC. O Índice de Velocidade de
Germinação (IVG) das sementes teve melhor desempenho também a 30ºC, com uma média de 46%.
Este resultado, entretanto, não apresentou diferença das médias verificadas nas temperaturas
constantes de 20, 25 e alternada de 20-30ºC. A avaliação do tempo médio de germinação mostrou
que à temperatura alternada de 20-30ºC a germinação apresentou melhor resultado, com 8 dias,
seguido da temperatura de 30, 25 e 20ºC, sem apresentar diferenças estatísticas da primeira e
variando estas, entre 8 e 9 dias.