Faculdade Católica de Filosofia de Rio Grande: os primeiros anos da formação docente no ensino superior da cidade (1960-1969)
Resumo
O presente trabalho versa sobre uma instituição de ensino superior que representou a gênese dos cursos voltados para a formação docente na cidade do Rio Grande. Essa foi a Faculdade Católica de Filosofia de Rio Grande (1960-1969), tendo como mantenedora a Mitra Diocesana de Pelotas até 1969, quando foi cedida para integrar a Universidade do Rio Grande. Analisa a história institucional dessa Faculdade, focando principalmente os anos iniciais dos cursos de Filosofia e de Pedagogia. A partir de então, busca averiguar o significado e os interesses na criação de cursos voltados para a formação docente, em nível superior, na cidade. Também pretende tornar visíveis os atores que contribuíram para o funcionamento da instituição. Com isso, almeja manter viva a memória dessa Faculdade Católica de Filosofia, além de contribuir com novo trabalho sobre o ensino superior na História da Educação. Enfatiza a ausência, até a década de 1960, de cursos superiores voltados para a formação docente em Rio Grande. Isso teria acarretado uma demanda reprimida de candidatos, principalmente de mulheres, que almejavam essa formação. Sugere que a ação pioneira da Mitra foi fundamental em tal criação. Porém, suas aspirações não se concretizariam se juntamente com ela não se articulassem outras forças intelectuais do Rio Grande, envolvidas com a educação. Após a criação da Faculdade, sugere também que aumentou a procura de mulheres que, possivelmente, já atuavam no ensino primário. Busca novos vestígios em
diferentes fontes de pesquisa, como os documentos institucionais, jornais e relatos orais. Inicialmente foram manuseados documentos institucionais no Núcleo de
Memória Engenheiro Francisco Martins Bastos (NUME) e no Arquivo Geral da FURG. No segundo momento a pesquisa estendeu-se pelo jornal Rio Grande, tendo como foco as informações referentes ao ensino superior em algumas datas relevantes dos anos de 1960, 1961, 1964, 1967 e 1969. Por fim, realiza oito entrevistas com representantes dos corpos dirigente, docente e discente, bem como de demais funcionários da Faculdade. Para tanto, utiliza a História Oral e temáticas que a envolvem, como a memória. Nesse sentido, toma como base os caminhos abertos pela História Cultural que também propiciou a ampliação de problemas, objetos e temas de pesquisa histórica. As considerações finais constataram que, a articulação de forças católicas de Pelotas, como o bispo Dom Antônio Zattera, com intelectuais do Rio Grande, como Hugo Dantas Silveira, favoreceram a criação e o
funcionamento da instituição em pesquisa. Nesse processo, outros deram suas contribuições, sendo muitos deles atores dessa história institucional. Com isso, a Faculdade de Filosofia proporcionou o maior ingresso de mulheres no ensino
superior, a ampliação do quadro docente em nível secundário e o desenvolvimento cultural aliado aos interesses da Igreja, de propagação dos ideais cristãos. Ainda, a ampliação dos cursos da Faculdade, somando seis até 1969, demonstra o seu
potencial como instituição formadora de professores na cidade do Rio Grande.

