Reestruturação produtiva, formação e identidade: o projeto escola de fábrica e a construção identitária de jovens trabalhadores
Fecha
2008-05-06Autor
Duarte, Bárbara Regina Gonçalves Vaz
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As transformações ocorridas no mundo do trabalho, originadas
principalmente da revolução industrial-tecnológica, promoveram profundas modificações na organização do processo produtivo no contexto da globalização e, conseqüentemente, grandes mudanças no modo de se preparar para o mercado de trabalho. A qualificação dos trabalhadores e a capacitação da força de trabalho ganharam destaque e, com isso, emerge uma
flexibilidade e uma instabilidade do emprego formal. A ameaça de desemprego em um mercado de trabalho desregulamentado e instável confere à empresa o poder de negociação (e/ou imposição) em relação às formas e condições de trabalho. Nesse sentido, observa-se uma tendência no crescimento dos desafios que testam a capacidade do profissional de se manter em condição de vender seu conhecimento, uma vez que este novo padrão exige-lhe qualidade, flexibilidade e maior produtividade, para se manter empregável. Nesse contexto, este trabalho de pesquisa estudou os conceitos de flexibilidade, empregabilidade, identidade e formação profissional, que se encontram impregnados nas políticas públicas educacionais, através de
programas que visam à inclusão social. Para isso, investigou o Projeto Escola de Fábrica, em suas concepções e práticas curriculares. No intuito de desenvolver tal pesquisa, realizou-se um estudo de caso no CEFET-RS, em dois cursos de Qualificação Profissional de Nível Básico, ambos ofertados pelo Projeto mencionado. O estudo realizado buscou compreender algumas inquietações, especialmente: a) de que forma o Projeto Escola de Fábrica contribui para a construção das identidades dos jovens trabalhadores em formação, e b) qual sua relação com o PROEJA, programa que se destina a ofertar vagas para o
ensino médio integrado à educação profissional. Com estes propósitos, constituiu-se uma pesquisa qualitativa, para a qual foram selecionados docentes, estudantes e gestores, participantes do Projeto Escola de Fábrica, bem como publicações oficiais, como fonte de informações e fundamentação. Analisou-se a estrutura do currículo do Projeto Escola de Fábrica e como este é incorporado aos discursos dos sujeitos da pesquisa. Observou-se de parte dos gestores e docentes a confirmação da exigência de profissionais mais criativos, ágeis, preparados/capacitados e flexíveis para a demanda do mercado, reafirmando um discurso latente no cotidiano escolar que propaga a flexibilidade na formação profissional para a empregabilidade; entre os discentes, é transparente o discurso que serve como elemento potencializador da empregabilidade, permitindo inferir que a identidade que estes jovens trabalhadores estão construindo reafirma a idéia do consumo dos diplomas/certificação, visando sua própria inserção no mercado de trabalho.