A relação morfologia-ortografia: um estudo sobre as representações de alunos do ensino fundamental

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Data
2010-04-15Autor
Duarte, Taiçara Farias Canez
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Esta pesquisa, vinculada a uma linha de estudos voltada à compreensão dos processos de aquisição da escrita, tem como objetivo geral mapear as representações de alunos acerca da ortografia e da morfologia da língua portuguesa
e analisar o efeito de atividades de ensino da ortografia, concernentes a aspectos da morfologia, sobre o desempenho ortográfico e sobre as mudanças representacionais que possam vir a ocorrer. A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas, ambas realizadas com alunos do Ensino Fundamental de uma escola da Rede Pública Municipal de Pelotas. Por meio de três instrumentos de coleta de dados e de uma
entrevista clínica, a primeira etapa da pesquisa avaliou o conhecimento dos alunos sobre determinados morfemas da língua e analisou uma possível relação entre o conhecimento sobre os morfemas e o desempenho ortográfico dos alunos. A
segunda etapa consistiu em desenvolver uma prática de ensino de regras ortográficas de base morfológico-gramatical e observar o efeito dessa prática sobre possíveis modificações no desempenho ortográfico do aluno, o que pode ser
interpretado como mudanças representacionais referentes ao conhecimento enfocado. Os resultados, de modo geral, evidenciam que os alunos manipulam os morfemas da língua, embora o controle que possuam sobre esses processos esteja
correlacionado ao tipo de morfema envolvido, sendo alguns mais acessíveis do que outros. Na primeira etapa do estudo, em que se trabalhou com o sufixo formador de profissões, o prefixo de negação in- e a flexão verbal, os alunos, de modo geral, utilizaram os sufixos selecionados pela língua para a formação de agentivos e apresentaram facilidade para explicitar verbalmente seus conhecimentos acerca do
prefixo, porém não conseguiram verbalizar seus conhecimentos em relação à flexão verbal, mesmo tendo utilizado as desinências em acordo com os paradigmas
verbais. No que diz respeito ao efeito das intervenções didáticas, há indícios de que o trabalho de explicitação da relação entre morfemas e ortografia pode levar o aluno
a uma reelaboração de suas representações, entretanto, esse resultado será influenciado também pelo tipo de morfema envolvido. Os dados dessa segunda etapa apontam para um avanço dos alunos no que diz respeito à compreensão e à
grafia do morfema esa. Não notamos, porém, a mesma evolução no que tange ao conhecimento acerca das flexões verbais. Os resultados da pesquisa apontam, de modo geral, para a necessidade de que sejam realizados estudos que investiguem a relação entre os morfemas da língua e a aprendizagem dessas unidades em nível de explicitação verbal.