História da educação no Rio Grande do Sul, Maçonaria e Igreja Anglicana : algumas imbricações, contraduções e paradoxos (1901/1970)
Abstract
Este trabalho tem como objetivo comprovar a ligação entre a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e a Maçonaria, principalmente no que se refere à influência conjunta que estas duas Instituições tiveram interferindo de forma marcante na História da Educação do Rio Grande do Sul, atuando em conjunto na luta pela Educação Laica e para que outras denominações religiosas pudessem adentrar no espaço educacional. Analisa-se suas imbricações, mas também contradições e paradoxos, apresentando-se a visão da Igreja Anglicana (desconhecida ou quase desconhecida no meio acadêmico) nos embates sobre a Educação,tendo como corpus documental fundamental o Periódico Oficial da Igreja
Episcopal/Anglicana, o Estandarte Cristão, edições publicadas no período de 1901 a 1970 (ano imediatamente anterior à Lei 5692/71) e que relata, pari passu, todo o trabalho missionário realizado pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, trazendo ainda o seu Projeto Educacional para o sul do Brasil. Foi
realizada uma leitura exaustiva e crítica do Estandarte Cristão no período em tela, realizando-se uma triangulação com entrevistas realizadas com maçons (e não maçons), análise de documentos maçônicos e de fotos do período (e até
fora dele, para tornar mais claros os indícios do que se pretende provar), vistas as fotos também como documentos históricos. Utilizou-se o viés de uma pesquisa Qualitativa, cujos resultados foram analisados pela Análise de
Conteúdo e Análise do Discurso, optando-se por uma ou outra quando se fez necessário, sendo os resultados apresentados de modo descritivo. Concluiu-se que a Igreja Eiscopal/Anglicana teve fortes ligações com a Maçonaria (desde sua mudança de Maçonaria Operativa para Maçonaria Especulativa em Londres, 1717) e no Rio Grande do Sul, no período histórico deste trabalho, e estiveram juntas na criação e manutenção de Escolas Paroquiais da Igreja
Episcopal Anglicana e de escolas públicas laicas, mas não atéias, batendo-se juntas por uma escola pública onde predominasse a liberdade de consciência, a liberdade religiosa, a co-educação, o acesso à educação pelas camadas
populares, referendando novas metodologias de ensino, incentivando as pesquisas científicas, em um clima de inclusividade, embora algumas vezes surgindo contradições e paradoxos na práxis para a consecução destes objetivos.