As representações sociais da evasão escolar para mães adolescentes: contribuição para a enfermagem
Fecha
2011-03-28Autor
Padilha, Maria Angélica Silveira
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A adolescência é reconhecida como um período de transição entre infância e a fase adulta, assinalado por vários processos no âmbito biológico, psicológico e sexual, marcando uma admirável etapa na vida do ser humano. A maternidade torna-se mais complexa quando relacionada à adolescência, pois a jovem além de vivenciar questionamentos e conflitos próprios da idade, depara-se com o impacto da gestação que pode ser um elemento significativo em sua história. A vida da adolescente é influenciada pelo ambiente e a educação pode desempenhar papel fundamental como fator de inclusão social. O estudo objetivou apreender as representações sociais da gravidez e da evasão escolar para a mãe adolescente. Caracteriza-se por ser uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, utilizou como referencial teórico a Teoria das Representações Sociais. Os sujeitos do estudo foram cinco mães adolescentes, que participaram dos grupos focais, durante o mês de outubro de 2010 em um Hospital de Ensino da cidade de Pelotas-RS. Os dados foram submetidos à análise temática. Os resultados apontam que as mães adolescentes frequentavam a rede pública de ensino da zona urbana, pertenciam à família de baixa renda, possuíam familiares com baixa escolaridade e a trajetória escolar era caracterizada por reprovação de um ou mais anos escolares, distorção série/idade e evasão escolar justificada pela gravidez, e nenhuma possuía ocupação fora do lar. O estudo revelou também que a evasão escolar de mães adolescentes
ocorre possivelmente devido ao o despreparo das profissionais das escolas quanto aos sintomas da gestação, pois as meninas relataram como primeira dificuldade de permanecer na escola a alteração na função biológica desempenhada pelo corpo durante gestação. Também é importante rever a questão de gênero, pois as jovens do estudo ancoram a decisão de abandono escolar nas representações sociais em
nossa sociedade, em que os cuidados com os filhos são responsabilidades exclusivas das mães e o papel do homem é o sustento financeiro da família. As adolescentes reconheceram a importância da educação, como fonte de ascensão econômica, ao invés de percebê-la como verdadeiro valor de empoderamento social que traz ao indivíduo nutrido de conhecimentos, e que ocorre por meio da inclusão
escolar, visto que nenhuma relacionou a educação como uma aspiração futura para a construção de um mundo melhor para si. Além disso, apontam a falta de políticas públicas que viabilizem a permanência das mesmas no sistema educacional. Outros caminhos merecem ser aprofundados, pois existem poucos estudos relacionando à enfermagem, à gravidez na adolescência e à evasão escolar. Estudos nessa linha
possibilitariam identificar uma visão mais social da gravidez na adolescência, caracterizando-a como uma das causas de baixa escolaridade da mulher e, conseqüentemente, sua dificuldade de inserção no mercado de trabalho e
participação social A enfermagem poderá desempenhar um papel social relevante ao participar na construção de políticas públicas que incentivem a permanência e/ou retorno das mães adolescentes à escola como forma de garantir a inserção social dessa parcela da população, evitando círculo vicioso na vida das jovens brasileiras.