Seletividade de agrotóxicos utilizados na cultura do pessegueiro ao predador Chrysoperla externa (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae)
Abstract
Na cultura do pessegueiro, a utilização do controle químico se constitui na tática mais adotada no manejo dos insetos-praga, porém, nos sistemas de produção sustentáveis como o de Produção Integrada de Pêssego (PIP), medidas alternativas
de controle, fundamentadas no Manejo Integrado de Pragas (MIP), são preconizadas. A preservação dos inimigos naturais de insetos-praga é uma das práticas de maior importância no MIP, devendo ser incentivado o uso de agrotóxicos seletivos a estes organismos benéficos, a fim de se viabilizar a associação dos métodos de controle químico e biológico. Neste contexto, objetivou-se com este trabalho avaliar a seletividade de dezesseis agrotóxicos utilizados na produção convencional e parte na produção integrada de pêssego sobre os estágios larval e adulto do predador Chrysoperla externa (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae), em bioensaios conduzidos em laboratório (temperatura de 25±1oC, umidade relativa de 70±10% e fotofase de 14 horas), utilizando-se metodologia padronizada pela International Organization for Biological and Integrated Control of Noxious Animals and Plants (IOBC). Os bioensaios com larvas e adultos consistiram na exposição do
inseto a resíduos secos dos agrotóxicos pulverizados sobre placas de vidro. Nos bioensaios com larvas foram avaliadas a duração dos estágios de desenvolvimento, a mortalidade, e as taxas de fecundidade e fertilidade dos adultos sobreviventes.
Nos bioensaios com adultos, foi avaliada a mortalidade acumulada as 24, 72 e 120 horas após a exposição dos insetos aos resíduos dos agrotóxicos. Para o estágio larval, os agrotóxicos foram classificados em função do efeito total e para o estágio adulto os mesmos foram classificados em função da taxa de mortalidade em inócuos (<30%), levemente nocivos (30-79%), moderadamente nocivos (80-99%) e nocivos (>99%), conforme recomendação da IOBC. Para os agrotóxicos [produto comercial (ingrediente ativo - % de ingrediente ativo na calda)] avaliados, conclui-se que: os
fungicidas Amistar 500 WG (azoxystrobina - 0,016), Cuprozeb (mancozebe e oxicloreto de cobre - 0,140 e 0,096), Dodex 450 SC (dodina - 0,126), Folpan Agricur 500 WP (folpete - 0,200), Manzate 800 (mancozebe - 0,256) e Orthocide 500 (captana - 0,192); os inseticidas Assist (óleo mineral 1 - 2,420) e Oppa (óleo mineral 2 - 1,920); o inseticida/acaricida Vertimec 18 CE (abamectina - 0,002) e o herbicida Roundup (glifosato - 1,440) são inócuos a larvas e adultos de C. externa. O fungicida
Folicur 200 EC (tebuconazole - 0,320) é levemente nocivo para larvas e inócuo para adultos. O inseticida Decis 25 EC (deltametrina - 0,002) é moderadamente nocivo e
levemente nocivo para larvas e adultos do predador, respectivamente. O herbicida Gramoxone (dicloreto de paraquate - 0,300) é nocivo para larvas e inócuo para
adultos, e os inseticidas Agritoato 400 (dimetoato - 0,160), Imidam 500 WP (fosmete - 0,160) e Malathion 500 EC (malationa - 0,240) são nocivos para larvas e adultos de
C. externa. A fecundidade e fertilidade de adultos emergidos de C. externa não são afetadas significativamente por nenhum agrotóxico quando larvas são expostas a resíduos dos mesmos. Fêmeas adultas são menos susceptíveis aos agrotóxicos
quando comparado com machos adultos.