Cochonilhas-farinhentas associadas à videira na Serra Gaúcha, bioecologia e controle de Planococcus citri (Risso, 1813) (Hemiptera: Pseudococcidae).
Resumo
Cochonilhas da família Pseudococcidae têm sido relatadas como causadoras de
danos diretos (perdas na produção) e indiretos (transmissão de vírus) na cultura da
videira. Poucas informações estão disponíveis sobre as espécies presentes nos
vinhedos e a bioecologia das mesmas. Neste trabalho foram identificadas as
espécies de Pseudococcidae associados à cultura da videira na região da Serra
Gaúcha; estudado a biologia e determinado as exigências térmicas de Planococcus
citri, estimado o número de gerações anuais nas diferentes regiões produtoras e
avaliado o efeito de inseticidas alternativos aos fosforados para o controle da
espécie. P. citri, Planococcus minor, Pseudococcus viburni, Pseudococcus
maritimus, Dysmicoccus brevipes foram constatadas associadas à cultura da videira
na região da Serra Gaúcha, sendo que P. citri foi a espécie mais abundante nos
vinhedos. A biologia de P. citri foi estudada em folhas de videira das cultivares
Cabernet Sauvignon, Itália e Isabel, bagas da cultivar Itália e raízes da cultivar Isabel
e porta-enxertos 101-14 e IAC-572. Em raízes do porta-enxerto IAC-572 a
cochonilha não completou o ciclo biológico. Em bagas de uva Itália, o inseto
completou a fase de ninfa, porém os adultos foram inférteis. Em folhas de videira das
diferentes cultivares, a duração média do período ovo a adulto dos machos foi de
24,630,10 dias com viabilidade de 32% enquanto que as fêmeas duraram
32,000,11 dias com viabilidade de 56%. Em raízes, a duração do ciclo biológico das
fêmeas e machos foi de 32,450,19 e 29,500,51 dias, respectivamente. A menor
viabilidade do ciclo ninfal foi verificada em raízes de Isabel, sendo de 8,1% para
fêmeas e 4,0% para machos enquanto a maior foi obtida em folhas de Cabernet
Sauvignon, sendo de 62,70% e 32,7% para fêmeas e machos, respectivamente. Em
folhas a fecundidade foi de 67,2710,70; 53,331,68 e 66,094,68 ovos por fêmea
nas cultivares Cabernet Sauvignon, Itália e Isabel, respectivamente. Enquanto em
raízes, foi obtido 30,406,12 e 70,0010,5 ovos por fêmea no porta-enxerto 101-14 e
Isabel, respectivamente. A velocidade de desenvolvimento de P. citri aumenta com a
elevação da temperatura sendo a faixa de temperatura entre 25 ºC e 28 ºC a mais
adequada para a espécie. A temperatura base e a constante térmica para o ciclo
total (ovo-adulto) de P. citri em folhas de videira da cultivar Itália foi de 8,16 ºC e
574,71 graus-dia, respectivamente. Com base nas exigências térmicas estimou-se
que o inseto pode completar 5,7 gerações anuais em Bento Gonçalves (RS), 6,2 em
Bagé (RS), 6,9 em São Lourenço (MG), 7,9 em Londrina (PR), 9,7 em Jales (SP) e
11,5 em Petrolina (PE). Na avaliação de inseticidas para o controle de P. citri
verificou-se que os neonicotinóides acetamiprid (0,60g i.a./planta), imidacloprid
(0,70g i.a./planta) e tiametoxam (0,75g i.a./planta) são eficazes no controle de P. citri
em plantas de videira com um ano de idade. Entretanto, em plantas com 15 anos de
idade de C. sauvignon os inseticidas neonicotinóides acetamiprid, imidacloprid e
tiametoxam nas mesmas doses não foram eficazes para o controle da espécie. Ao
estudar o efeito dos inseticidas neonicotinóides acetamiprid (6g i.a./100L),
imidacloprid (7g i.a./100L), tiametoxam (7,5g i.a./100L) e os reguladores de
crescimento buprofezin (25g i.a./100L) e pyriproxyfen (10g i.a./100L) aplicados via
foliar observou-se que os mesmos não proporcionam mortalidade significativa de P.
citri na cultura da videira após a pulverização nos vinhedos e avaliação da
mortalidade em laboratório.