Qualidade e maturação de frutas avaliada através de métodos não destrutivos
Resumen
Atualmente os consumidores não estão focados apenas nas caracterísiticas
externas das frutas, como cor e tamanho, as características internas como teores de
açúcares e a presença de compostos antioxidantes passam a ter uma maior
importância na decisão de compra. A mensuração destes parâmetros, normalmente
é feita através de análises tradicionais que apresentam como característica principal
a destrutição da amostra, além de ser realizada em um número restrito de frutas,
normalmente não representativo do lote ou do pomar. Os métodos ópticos baseados
nas técnicas da espectroscopia do visível (Vis) e do infravermelho próximo (NIR),
assim como a fluorescência da clorofila são apontadas como uma evolução dos
métodos clássicos de avaliação, permitindo avaliar vários componentes ao mesmo
tempo, sem a destruição das amostras. O objetivo da realização deste trabalho foi
utilizar a espectroscopia do Vis/NIR e da fluorescência da clorofila como métodos
não destrutivos para avaliar parâmetros de qualidade de pêssegos, mangas e
maçãs. Em pêssegos utilizou-se o equipamento NIR-Case para o estabelecimento
de modelos de calibração para a estimação dos parâmetros sólidos solúveis (SS) e
firmeza de polpa para as cultivares Chimarrita, Maciel, Eldorado e Jubileu por dois
anos consecutivos, sendo que no segundo ano avaliou-se também o efeito de época
de colheita sobre os modelos de calibração. Pelos resultados obtidos podemos
inferir que para o atributo SS, os modelos de calibração apresentaram valores de
coeficiente de determinação aceitáveis e adequados para prever o comportamento
de amostras futuras, nos dois anos consecutivos. Para a firmeza de polpa apenas os
modelos desenvolvidos para as cultivares Jubileu e Eldorado foram considerados
satisfatórios, necessitando para as demais cultivares, novos ajustes para safras
futuras. Os modelos de calibração apresentam resultados diferentes ao longo das
datas de colheita, sendo que os melhores ajustes ocorrem no final da safra, fato
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observado em todas as cultivares de pêssegos. Em mangas da cultivar Tommy
Atkins e em pêssegos das cultivares Eldorado e Jubileu, foi testada o uso desta
técnica para a separação das frutas em categorias de acordo com o estádio de
maturação e acompanhamento desta diretamente no campo, com o uso do
espectrofotômetro portátil (DA-meter®) que emite dois sinais luminosos nos
comprimentos de onda 670 e 720nm e fornece um índice (DA), que se correlaciona
com o conteúdo de clorofila presente na epiderme das frutas. Através destes
trabalhos foi possível concluir que, com o índice DA é possível separar as frutas de
manga em categorias de acordo com o grau de maturação bem como acompanhar a
maturação de pêssegos diretamente no campo, e as relações entre os valores
destes índices e os parâmetros de qualidade, determinadas através dos coeficientes
de determinação (R2) foram satisfatórios. Em maçãs das cultivares Fuji, Granny
Smith e Golden Delicious utilizou-se um sensor com base na técnica da
fluorescência da clorofila para a estimação de clorofilas, antocianinas e flavonóides
presentes na epiderme das frutas. De uma maneira geral os lados com maior
exposição a luz solar apresentaram os maiores índices para os antocianinas e
flavonóides e menores para clorofila. As correlações entre os índices não destrutivos
e o conteúdo real destes pigmentos nas epidermes das maçãs demonstraram a
existência de correlações signifcativas entre os dois métodos propostos. Uma
correlação negativa foi encontrada entre o teor de sólidos solúveis em maçãs e a
fluorescência da clorofila (CHL) no espectro do vermelho distante. Os resultados
também indicam que um sensor multiparamético de base fluorescente pode fornecer
índices de maturação e qualidade de maçãs de forma não destrutiva. Sendo assim,
após a execução dos trabalhos pode-se concluir que os diferentes métodos e
tecnologias não destrutivas apresentam potencial para avaliação dos parâmetros de
qualidade em frutas.