As linguagens do autoritarismo em O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho, e em Sargento Getúlio, de João Ubaldo Ribeiro

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Data
2013-03-21Autor
Furtado, Paulo Fernando da Silva
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A comparação entre O Coronel e o Lobisomem, de José Cândido de Carvalho, e em Sargento Getúlio, de João Ubaldo Ribeiro, pretende analisar como os discursos dos personagens-narradores evidenciam pressupostos compartilhados na sociedade sobre as estruturas de poder que são, nos contextos narrados e representados, sustentados pela
violência. Nestas obras, identificam-se convenções que admitiam variadas formas de repressão, desde atitudes sutis até agressões verbais e físicas. Dessa forma, o objetivo
principal desta pesquisa é compreender as relações textuais das narrativas com os contextos sociais e históricos marcados pelo autoritarismo de Estado e legitimados pela atuação de membros da sociedade que exercem funções chaves para sua manutenção e permanência. Tomando como base teórica a perspectiva da Teoria Crítica da Sociedade, com autores como Walter Benjamin, Theodor Adorno e Raymundo Faoro se realiza
uma reflexão a partir das narrativas de como a sociedade brasileira se formou em processos históricos que tem em comum as estruturas autoritárias. As vozes do coronel e do policial integraram uma rede de práticas que foram se renovando para a manutenção de sistemas de privilégios, destacando-se as percepções de autoridade que os mesmos possuem e que entram em conflito no espaço urbano mais modernizado. Esse processo é evidenciado pela estrutura das narrativas, as quais proporcionam leituras críticas que sugerem a desconfiança para com narrações unitárias, visto o caráter de incompletude e de suspeição acerca dos protagonistas e do próprio enredo, questionando-se também os processos de escrita da história e da ficção, enquanto representações da ideologia dominante.