Desenvolvimento de um modelo de biofilme para estudos de desmineralização do esmalte

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Data
2009-12-21Autor
Leite, Françoise Hélène Van de Sande
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Os objetivos deste estudo foram avaliar a desmineralização do esmalte em resposta a condições cariogênicas induzidas por diversos regimes de exposição a sacarose em um modelo de biofilme de microcosmos, e verificar se o modelo testado
apresentaria efeito dose-resposta ao tratamento com clorexidina. Os biofilmes de microcosmo foram originados de saliva e crescidos sobre discos de esmalte bovino em placas de micropoços. Foi utilizado um meio definido enriquecido com mucina
(DMM), suplementado com concentrações de sacarose que variaram de 0,075% a 1%, sob regimes de exposição contínua – modelo estático, ou intermitente – modelo semi-dinâmico (40min a 6h de exposição). As placas foram incubadas em condição
de anaerobiose por até 10 dias sob temperatura controlada de 37°C. As trocas dos meios foram realizadas diariamente. A acidogenicidade dos biofilmes foi obtida através de leituras de pH dos sobrenadantes no meio; as alterações/ perda de dureza na superfície do esmalte (%PDS) foram calculadas através de leituras de dureza superfícial do esmalte antes e após os tratamentos. Os resultados indicaram que a acidogenicidade decorrente dos diferentes regimes de exposição a sacarose
afetaram a dureza superficial do esmalte.A dureza do esmalte não foi alterada sob exposição a baixa concentração de sacarose (estático-0,075%). O %PDS do esmalte sob exposições de 0,15% de sacarose no meio foram tempo-dependentes; a perda mineral foi significativa no regime estático, enquanto que no regime semidin âmico (6h) não houve alteração de dureza significativa. Em concentrações de 0,5% de sacarose este efeito tempo-dependente para exposição também foi observado na alteração de dureza do esmalte. Exposições de 40min a 3h de
sacarose no meio (até 10 dias) não induziram um %PDS significativo em esmalte. Contudo, com o aumento do tempo de exposição para 6h uma perda mineral significativa foi observada em esmalte. Ainda, com 0,5% em regime estático, a perda
mineral foi severa, comprometendo a integridade da superfície do esmalte, independentemente dos períodos de exposição avaliados (4, 7 e 10 dias). A erosão da superfície nesta condição excluiu a possibilidade de avaliar o %PDS, sugerindo que a exposição a um pH baixo (4.3), mantido de forma constante, promoveria lesões de erosão no lugar de lesões subsuperficiais de cárie. As exposições de 0,5% e 1% de sacarose no regime semi-dinâmico (6h) induziram um %PDS significativo em esmalte. A avaliação de dose-resposta do modelo foi realizada em um regime - semi-dinâmico 1% de sacarose. Após 24h de crescimento dos biofilmes, foi realizado o tratamento com solução de clorexidina em concentrações que variaram de 0,012 a 0,12% ou com um controle (solução salina estéril) durante 1 min. O tratamento foi aplicado antes do desafio com sacarose durante 3 dias. Verificou-se que a acidogenicidade dos biofilmes e as alterações de dureza do esmalte foram dose-dependentes aos tratamentos com clorexidina. Como conclusão, dentro das limitações de estudos laboratoriais, o modelo de biofilme foi capaz de responder aos diferentes níveis de desafios cariogênicos e demonstrar um efeito de dose-resposta a clorexidina, sendo apropriado para utilização como um modelo pré-clínico para testar o potencial anticariogênico de tratamentos e para estudos desmineralização