Caracterização da aptidão climática da região da Campanha do Rio Grande do Sul para a viticultura
Resumo
A caracterização climática de regiões produtoras com potencial para a vitivinicultura torna-se uma demanda da viticultura moderna. Dentre as novas fronteiras da viticultura destaca-se a região da Campanha localizada no Rio Grande do Sul, impulsionada por apresentar condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo de videiras viníferas. Trata-se de uma cultura nova que carece de estudos sobre a interferência das condições climáticas no desenvolvimento das plantas na região. A dissertação objetiva caracterizar a aptidão climática da região da Campanha do Rio Grande do Sul para a viticultura. O trabalho foi dividido em três capítulos, sendo o primeiro um estudo sobre a estimativa da evapotranspiração por diferentes métodos e sua aplicação no Índice de Seca (IS) para os municípios da Campanha, objetivando identificar métodos alternativos ao método padrão (Penman-Monteith) empregado no IS. No segundo capítulo, foi realizada a caracterização climática da região por meio do Sistema CCM Geovitícola, visando identificar a disponibilidade térmica e hídrica dos municípios da região. No terceiro capítulo, foi realizado um
estudo do risco de geada e duração dos subperíodos fenológicos da Cabernet Sauvignon na região da Campanha. Nestes três capítulos, foram utilizados dados meteorológicos diários, do período de 1961 a 2010, para Alegrete, Bagé, Quaraí, São Gabriel, Santana do Livramento e Uruguaiana, conforme disponibilidade dos municípios. Constatou-se que os métodos Thornthwaite, Camargo, Makkink, Blaney- Criddle apresentam desempenho ótimo, na estimativa da evapotranspiração em relação ao padrão, quando empregado ao IS. Foi utilizado o método de Thornthwaite para estimativa da evapotranspiração em toda Campanha, possibilitando analisar um período maior do IS na região, sendo este da classe do tipo úmido, apresentando disponibilidade hídrica para o cultivo. O índice de frio noturno é da classe de noites temperadas, porém observa-se variações entre os municípios,
meses e anos analisados. Quanto ao índice heliotérmico, Uruguaiana é do tipo muito quente e os demais municípios do tipo quente, apresentando elevada disponibilidade térmica, aliada a condições climáticas que propiciam a maturação das uvas com condições satisfatórias para vinificação. Quanto ao risco de geada, Uruguaiana e São Gabriel no início de setembro apresentam baixo risco de formação de geada ao nível de 5%, enquanto que nos demais a última data ocorre no início de outubro, caracterizando-se como geadas primaveris. É também possível constatar que a Cabernet Sauvignon apresentou variações no número total de dias em relação às épocas de brotação, bem como, entre os municípios da Campanha.