Análise do crescimento e da produção de ervilha torta (Pisum sativum L.) em ambiente protegido e cultivo hidropônico
Resumo
A produção de ervilha torta em ambiente protegido e sistema hidropônico pode ser uma alternativa viável para a obtenção de alto rendimento de vagens no período de inverno e início de primavera, além de proporcionar melhor otimização dos recursos produtivos e reduzido impacto ambiental. Atualmente, existem poucas informações disponíveis sobre esta cultura, principalmente em condições de ambiente protegido e cultivo hidropônico. A adoção deste sistema pressupõe a adequação da densidade de plantio, assim como, produzir conhecimentos e informações referentes ao crescimento (produção e partição de massa seca) e comportamento produtivo de genótipos. Neste sentido, dois experimentos foram realizados com a cultura da ervilha torta em sistema hidropônico e ambiente protegido em ciclo de inverno/primavera no Campus da Universidade Federal de Pelotas, no município de Capão do Leão, RS. O primeiro experimento, realizado de maio a novembro de 2011, objetivou avaliar o efeito da densidade de plantio sobre a produção e a partição da massa seca e os componentes do rendimento de ervilha torta Luana Gigante® , em experimento unifatorial com cinco densidades de plantio (3,9; 4,7; 5,9; 7,8 e 11,8 plantas m-2). O segundo experimento objetivou caracterizar a dinâmica do crescimento e da produção de dois genótipos de ervilha torta ( Luana Gigante e MK10 ) em esquema bifatorial no período de maio a novembro de 2012. As parcelas foram constituídas pelos genótipos e as subparcelas pelas épocas de avaliação das plantas (aos 0, 15, 30, 45, 60, 75, 95, 115 e 135 dias após o transplante). Para ambos os experimentos, a biomassa foi quantificada através da massa seca dos diferentes órgãos aéreos da planta e o rendimento através da massa fresca de vagens. Em relação aos resultados obtidos no primeiro experimento, observou-se que o aumento da densidade de plantio no intervalo entre 3,9 a 11,8 plantas m-2 reduz o crescimento de todos os órgãos e a produtividade individual das plantas de forma linear. Porém, aumenta de forma linear a produção absoluta da massa seca da cultura bem como a produtividade por unidade de área e não afeta a partição proporcional de massa seca entre os diferentes órgãos da planta. Os órgãos vegetativos aéreos são os principais drenos de fotoassimilados, representando 61,5% da massa seca total das plantas, enquanto as vagens representam 31,7%. Entre os componentes do rendimento, somente o número de vagens colhidas por planta é reduzido, não havendo efeitos negativos sobre a massa fresca média das vagens e a porcentagem de vagens comerciais colhidas. Portanto, recomenda-se a densidade de 11,8 plantas m-2 para a ervilha torta Luana Gigante . No segundo experimento, observou-se que Luana Gigante e MK10 expressam crescimento da planta do tipo sigmoidal em relação ao acúmulo de MS ao longo do ciclo de cultivo. MK10 apresenta maior crescimento dos órgãos vegetativos aéreos e da cultura do que Luana Gigante . MK10 também apresenta maior crescimento de vagens aos 95 DAT, porém os genótipos se assemelham em relação ao crescimento e à produção de vagens ao final do ciclo de cultivo. As vagens representam 36% e 43% da massa seca aérea da planta, respectivamente de MK10 e Luana Gigante , ao final do ciclo de cultivo. Assim, Luana Gigante apresenta maior capacidade de destinar assimilados para o crescimento de vagens do que MK10 . O conjunto dos órgãos vegetativos aéreos são os principais drenos de assimilados da planta, sendo os caules priorizados na partição de MS em relação às folhas.