Crescimento, produtividade e qualidade das frutas de morangueiro em hidroponia: efeito da concentração de nutrientes e da densidade de plantio.
Resumo
A cultura do morangueiro possui grande importância para o setor hortigranjeiro da Região Sul do Rio Grande do Sul, pois permite atingir altas produtividades e alto rendimento econômico, uma vez que as frutas tem mercado garantido e um alto valor. O cultivo hidropônico permite a otimização do espaço vertical do ambiente protegido, resultando em maior produtividade, diminuindo a ocorrência de doenças e, ainda, facilitando os tratos culturais e beneficiando a qualidade de vida do agricultor. Porém, há poucos estudos sobre a adaptação da cultura a este tipo de sistema de produção, principalmente em se tratando de concentrações da solução nutritiva e, sobretudo, de densidades de plantio. Com o objetivo de se estudar o crescimento, a produtividade e a qualidade das frutas de morangueiro em sistema hidropônico, dois experimentos foram realizados em condições de estufa plástica, no Campus da Universidade Federal de Pelotas, RS. O sistema hidropônico empregado era do tipo NFT (técnica da lâmina de nutrientes), constituído de bancadas de cultivo construídas com telhas de fibrocimento. O primeiro experimento teve o objetivo de estudar diferentes concentrações iônicas da solução nutritiva para a cultivar Camarosa e foi repetido em dois anos consecutivos (2009/2010). O fator experimental estudado foi a condutividade elétrica da solução nutritiva (CE) em quatro níveis: 0,9; 1,5; 2,1; 2,7dS m-1 (2009); e cinco níveis: 0,7; 1,2; 1,7; 2,2 e 2,7 dS m-1 (2010). O segundo experimento foi conduzido a fim de verificar o efeito de
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diferentes densidades de plantio sobre a cultivar Camino Real. O fator experimental estudado foi a densidade de plantio em quatro níveis: 15,0; 12,5; 10,7 e 9,3 plantas m-2. Avaliaram-se a matéria fresca e seca de folhas, coroa, raízes e frutas, a área foliar, o número de frutas e o peso médio das frutas. Amostras das frutas foram analisadas em relação ao teor de sólidos solúveis totais (SST), à acidez total titulável (ATT) em ambos os experimentos realizados em 2010, às concentrações de antocianinas, ácido L-ascórbico, compostos fenólicos totais e à capacidade antioxidante somente no experimento sobre CE, em 2010. Os resultados obtidos no primeiro experimento indicam que a CE entre 1,2 e 1,5dS m-1 favoreceu o crescimento da planta e a produtividade das frutas. O crescimento e a produtividade diminuíram quando a CE foi mantida abaixo ou acima destes valores. Os teores de SST, de antocianinas e de ácido L-ascórbico das frutas foram aumentados com a elevação da CE para 1,7dS m-1. A concentração de compostos fenólicos totais elevou-se com a diminuição da CE para 1,2dS m-1. Enquanto os teores de SST, de antocianinas e de ácido L-ascórbico, respectivamente, diminuíram em 17, 17 e 15%, a produtividade foi aumentada em 52% e a concentração de compostos fenólicos totais em 22%, quando a CE diminuiu de 1,7 para 1,2dS m-1. O peso médio das frutas foi reduzido com a elevação da CE em 2009 e não foi afetado em 2010, assim como a ATT e a capacidade antioxidante. Conclui-se que a solução nutritiva com CE entre 1,2 e 1,5dS m-1 pode ser indicada para obter maior produtividade, sem grandes perdas na qualidade das frutas da cultivar Camarosa em sistema hidropônico NFT. Os resultados obtidos no segundo experimento indicam que o crescimento e a produtividade individual das plantas da cultivar de morangueiro Camino Real não foram afetados pela elevação da densidade de plantio, no intervalo entre 9,3 e 15,0 plantas m-2. O crescimento e a produtividade por unidade de área, bem como as características químicas relacionadas à qualidade organoléptica das frutas (concentração de SST e relação SST/ATT), apresentaram resposta linear ao incremento da densidade de plantio. Sugere-se a adoção da densidade de plantio de 12,5 plantas m-2, que proporciona rendimento elevado e frutas com adequadas características organolépticas e redução no número de mudas necessárias, em relação à densidade de 15,0 plantas m-2. Porém, existe a necessidade de desenvolver novos estudos com a cultivar Camino Real, a fim de promover adaptações no sistema e seu manejo e verificar a viabilidade econômica de seu cultivo em hidroponia.