Alimentação de Apis mellifera africanizadas: relação com a fisiologia, produção, sanidade e segurança alimentar
Abstract
A alimentação das abelhas Apis mellifera é considerada um dos principais gargalos
da apicultura, influindo em diversas áreas da atividade apícola. Nesta espécie, a
alimentação é determinante, pois além de levar o suporte necessário para a
manutenção, reprodução e produção, também é responsável pela diferenciação das
castas. Em contraponto à sua importância, existem poucos estudos contemplando o
desenvolvimento de dietas economicamente viáveis, de fácil aquisição e de
resultados comprovados. Possivelmente, o seu desenvolvimento esteja
condicionado aos alimentos disponíveis regionalmente. Estudos sobre as
necessidades nutricionais básicas são bastante antigos e realizados com abelhas
europeias. O desenvolvimento de pesquisas aplicadas abordando o tema, com o
enfoque de testar a eficiência de dietas artificiais, parece ser mais recente e, ainda,
necessita de aprimoramento, principalmente no que tange às metodologias de
avaliação. Os dados da literatura são bem menos abundantes e mais incipientes do
que aqueles referentes às outras espécies animais domésticas, como os mamíferos
e aves. Com o objetivo de testar o efeito de dietas para Apis mellifera, realizou-se
experimento em laboratório, com abelhas recém-emergidas, mantidas em
incubadora a 32°C, umidade entre 70-80%, por seis d ias, onde receberam as dietas
e água ad libidum. Foram testadas sete dietas, utilizando-se como parâmetros de
avaliação o teor de proteínas totais na hemolinfa, o peso das abelhas e o consumo
das dietas. Quatro dietas apresentaram diferença significativa no teor de proteína da
hemolinfa quando comparadas ao grupo controle, sendo que uma delas foi superior
também nos parâmetros peso e consumo. Com base neste trabalho, as dietas que
apresentaram melhor desempenho foram testadas em campo, em três regiões
distintas, no Estado de Santa Catarina, avaliando-se as áreas de cria (zangão,
aberta, fechada e total); as áreas de depósito de alimento (mel e pólen) e a
porcentagem de infestação pelo ácaro Varroa destructor. No experimento de campo,
notou-se uma grande variação dos dados, mesmo quando considerado o mesmo
grupo de tratamento, demonstrando que as variáveis ambientais podem mascarar os resultados e as diferenças significativas somente foram demonstradas nas áreas de
cria aberta, cria total (região Serrana) e infestação por Varroa destructor (região
Oeste Catarinense e Serrana) em comparação ao grupo controle. As dietas
utilizadas não alteraram as características físico-químicas do mel produzido,
podendo ser consideradas adequadas para suplementação alimentar em época de
escassez de recurso natural de pólen.