Influência da genética bovina na suscetibilidade ao estresse durante o manejo e seus efeitos na qualidade da carne
Abstract
A presente tese apresenta quatro trabalhos que visam caracterizar o
temperamento de dois grupos genéticos e suas influências na produção e
qualidade de carne produzida na Região Sul do RS. O primeiro refere-se à
avaliação do temperamento em animais criados extensivamente, bem como a
avaliação da qualidade da carne produzida, através do pH e níveis de cortisol.
Foram estudados 40 machos castrados, de dois grupos genéticos Bos taurus
taurus e Bos taurus taurus x Bos taurus indicus . Houve uma associação
linear positiva entre a presença de sangue zebu e reatividade. A variável ganho
de peso foi negativamente correlacionada com o escore comportamental
médio. Não houve diferença significativa entre os grupos genéticos quanto ao
ganho de peso. Em relação à qualidade de carne, foram encontradas
diferenças significativas de pH entre os grupos genéticos e entre as classes de
temperamento. O segundo trabalho avaliou o temperamento de bovinos
mantidos em confinamento, representados por 79 machos castrados, divididos
de acordo com oito graus de sangue Charolês x Nelore. Houve uma
associação linear negativa entre escore composto e grupo genético,
xv
verificando-se que, com o aumento da participação de sangue Charolês,
diminuíram os valores. Os animais com maior porcentagem de sangue
Charolês apresentaram maior ganho de peso e maiores valores iniciais de pH
da carcaça. Não foram encontradas diferenças para as características
capacidade de retenção de água e nível plasmático de cortisol. O terceiro
trabalho caracterizou o temperamento de bovinos de corte durante a sua
permanência em pista de remate. Foram utilizados 1572 bovinos pertencentes
a dois grupos genéticos ( Bos taurus taurus x Bos taurus indicus" e "Bos taurus
taurus ). Os animais cruzados apresentaram maiores valores de escores de
entrada e movimentação em pista. Os machos apresentaram menor
reatividade quando comparados às fêmeas para os escores de entrada e
movimentação em pista. O quarto trabalho avaliou o efeito do genótipo sobre o
temperamento de bovinos criados extensivamente. Foram utilizados 163
machos castrados de dois grupos genéticos cruzados e puros. Os animais
puros indianos apresentaram maior reatividade ao manejo. O genótipo pode
modular o temperamento de bovinos de corte criados tanto extensivamente
como intensivamente e afetar o ganho de peso e algumas características da
carcaça e carne.