Modos de subjetivação em funcionamento nos discursos curriculares de escolas de surdos: o cidadão de direitos, o indivíduo não incapacitado e o sujeito-aluno
Abstract
Esta dissertação foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE/UFPel), na linha de Epistemologias Descoloniais, Educação Transgressora e Práticas de Transformação. A pesquisa investigou discursos de documentos curriculares – Projeto Político Pedagógico e Regimento Escolar – de três escolas de surdos no estado do Rio Grande do Sul e visa compreender que modos de subjetivação estão funcionando, que modos de ser surdo estes discursos fabricam. Para tanto, a pesquisa se filiou aos estudos foucaultianos, enquanto perspectiva teórico-metologógica, afim de compreender os discursos em sua positividade, e abordar relações de saber/poder que estão em funcionamento, produzindo e fazendo circular verdades sobre a surdez e a educação de surdos. Operou-se com uma análise do discurso em Michel Foucault e mobilizou-se ferramentas teóricas e/ou metodológicas deste autor – como discurso, enunciado, poder, verdade, normalização e governo. Na análise, discutiu-se três enunciados, que corresponderiam a três modos de subjetivação do sujeito surdo: o primeiro, que atrela o surdo a uma noção de cidadão de direitos; o segundo, que o tem enquanto um indivíduo não incapacitado; e o terceiro, que o trata enquanto um sujeito-aluno. Esses três modos de ser surdo não estão isolados e nem se antagonizam entre si, mas imbricam-se em um discurso de ser aluno surdo na contemporaneidade, sujeito de uma governamentalidade neoliberal e passível de tecnologias de normalização..