A Semeadura Direta de espécies arbóreas consorciadas com milho e feijão é uma alternativa viável para a implantação de agroflorestas no Sul do Brasil?
Resumo
A grande maioria dos projetos de restauração no Brasil são conduzidos
em propriedades particulares, normalmente para recompor Áreas de
Preservação Permanente e Reserva Legal. Com isso, é necessário
buscar estratégias diferentes de recomposição de Áreas de Reserva
Legal, como a semeadura direta e os Sistemas Agroflorestais, visando
opções mais atrativas para agricultores familiares. O objetivo foi comparar
duas formas de semeadura direta, em questão da emergência das
espécies, sobrevivência, estabelecimento e crescimento das mudas ao
longo de um ano, além dos custos de implantação. O delineamento
experimental utilizado foi de blocos inteiramente casualizados, consistindo
em três blocos com dois tratamentos cada. Os tratamentos consistem em
semeadura direta de forma convencional; e semeadura direta com
práticas agroflorestais (cobertura do solo e cultivos agrícolas anuais nas
bordas dos canteiros). Cada tratamento contou, ao total, com 30 parcelas
de 1 m de semeadura direta de 23 espécies. Em cada parcela foram
depositadas 10 sementes por espécie. Das 13800 sementes semeadas,
24% emergiram e 15,5% sobreviveram após um ano de semeadura. A
emergência de plântulas na semeadura com práticas agroflorestais foi
maior que na convencional, com diferenças significativas para algumas
espécies. As curvas de sobrevivência apontaram diferenças entre os
tratamentos, sendo a semeadura convencional melhor do que a com
práticas agroflorestais, porém não houve diferenças no número médio de
indivíduos ao final de um ano. As porcentagens de estabelecimento de
indivíduos foram de 10% na semeadura convencional e 9,67% na com
práticas agroflorestais. Cordia trichotoma foi a única espécie que
apresentou diferenças significativas na estatura da planta quando
comparados os tratamentos, com plantas maiores no tratamento com
práticas agroflorestais. Para diâmetro houve diferença significativa
apenas para Enterolobium contortisiliquum, com maior média também no
tratamento com práticas agroflorestais. O número de folhas de Syagrus
romanzoffiana não diferiu entre os tratamentos. A semeadura com
práticas agroflorestais se demonstrou mais barata devido a produção das
culturas agrícolas que abateram os custos de implantação. Ambos
modelos de semeadura apresentaram menor custo de implantação
quando comparados ao plantio de mudas em área total. A semeadura
direta com práticas agroflorestais é um método viável para recompor
áreas de RL na região, além de economicamente mais atrativa. Porém, a
viabilidade da técnica depende da escolha das espécies, visto que
algumas não apresentaram bom desempenho.