Parentes silvestres de plantas cultivadas para a alimentação e agricultura nativos ou naturalizados no Pampa
Resumo
A população humana segue em constante expansão e garantir a segurança alimentar
e nutricional de cada um é um desafio para o presente e o futuro. Os parentes
silvestres de plantas cultivadas são parte do pool gênico dos cultivos agrícolas. Essas
espécies podem ser utilizadas para obter genes de tolerância e/ou resistência a
condições abióticas e bióticas adversas. As plantas cultivadas para alimentação e
agricultura constituem cultivos como o arroz, a batata, a batata-doce, a mandioca e o
tomate, por exemplo. O Pampa estende-se do sul do Brasil ao Uruguai e nordeste da
Argentina. Este bioma caracteriza-se pelo predomínio dos campos nativos,
associados à um mosaico de banhados, savanas e algumas formações florestais. No
entanto, apesar da importância dos parentes silvestres, o habitat destas espécies no
mundo e também no Pampa vem sofrendo redução. O presente estudo visa
inventariar os parentes silvestres de plantas cultivadas para a alimentação e
agricultura, nativos ou naturalizados no Pampa, verificar o pool gênico e cultivos aos
quais estão relacionados, o estado de conservação, a representatividade em bancos
de germoplasma e a distribuição geográfica no bioma. De acordo com o inventário
produzido, no Pampa estão representadas 247 espécies de parentes silvestres,
distribuídas em 28 gêneros de 13 famílias. Destas, 211 espécies são nativas (85,4%)
e 36 são naturalizadas (14,6%). Na Argentina ocorrem 194 espécies de parentes
silvestres, com cinco quadrículas de maior riqueza (61–77 spp.), estando duas
quadrículas nas cidades de General Alvear e Ituzaingó na província de Corrientes,
uma quadrícula na capital e província de Buenos Aires, uma quadrícula na cidade e
província de Córdoba e uma na cidade de Rancul, na província de La Pampa. No
Brasil ocorrem 165 espécies com destaque para quatro quadrículas de maior riqueza
(61–77 spp.) nos arredores de Montenegro, Santo Antônio da Patrulha, São Borja e
Tapes. No Uruguai ocorrem 121 espécies, com três quadrículas de maior riqueza de8
espécies (43–60 spp.) em Canelones, Durazno e Maldonado. Apenas 62 espécies
(25%) possuem informações do pool gênico e/ou cultivo taxonomicamente
relacionado mais próximo, considerando os Pool Gênicos Primário, Secundário e
Terciário e/ou os Grupos Taxonômicos 1, 2, 3 e 4. Por fim, apenas 35 (56,5%) destas
62 espécies foram avaliadas quanto à categoria de ameaça de extinção na natureza
de acordo com os critérios da IUCN (International Union for Conservation of Nature).
Neste quesito, 29 espécies foram consideradas como “Menos Preocupante”, uma
como “Quase Ameaçada”, quatro “Em Perigo”, e três com “Dados Insuficientes”.
Dentre as 247 espécies, somente 112 (45,16%) possuem um ou mais acessos
conservados em bancos de germoplasma.