Comportamento de herbicidas pré-emergentes sob semeadura de arroz irrigado em palha de azevém
Resumo
Tem-se buscado a implantação do sistema de semeadura direta para a cultura do arroz irrigado, tendo como principal planta de cobertura o azevém (Lolium multiflorum). As plantas de cobertura podem afetar a dinâmica de herbicidas, seja pela retenção na
palha ou pela modificação das condições do solo como a umidade e temperatura, afetando também a emergência de plantas daninhas, sendo o capim-arroz (Echinochloa sp.) uma das principais infestantes no arroz irrigado. Até o momento, pesquisas nesse sentido não foram realizadas. Assim, os objetivos deste trabalho foram: (i) realizar uma revisão de literatura sobre a dinâmica de herbicidas no sistema de semeadura direta (capítulo I); (ii) avaliar, a campo, o controle e a densidade de capim-arroz com os herbicidas clomazone, imazapyr+imazapic, oxyfluorfen, pendimethalin e quinclorac aplicados sobre diferentes quantidades de palha de azevém (0, 1,5, 3 e 4,5t ha-1); a interceptação dos herbicidas pela palha; e a produtividade de grãos do arroz (Capítulo 2); (iii) avaliar a resposta biológica do capim arroz em casa de vegetação (CV) sob os fatores do capítulo 2 e períodos de chuva simula após a aplicação dos herbicidas (2, 7 e 14 dias após a aplicação - DAA) (Estudo I), bem como a lixiviação dos herbicidas na palha pela chuva simulada (Estudo II) (Capítulo 3). Foram realizados estudos de campo em dois locais e dois anos, e em CV replicados duas vezes. No campo, o delineamento experimental foi de blocos casualizados com quatro repetições e esquema bifatorial, sendo o primeiro fator os herbicidas e o segundo as quantidades de palha. Em CV a pesquisa foi conduzida sob delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições e esquema trifatorial, sendo no Estudo I os dois primeiros fatores iguais aos estudos do campo e o terceiro os períodos de chuva simulada; no Estudo II da CV os fatores foram os herbicidas e os períodos de chuva simulada, utilizando-se o máximo nível de palha. No campo, o controle de capim-arroz foi maior na presença de palha para os herbicidas oxyfluorfen, pendimethalin e quinclorac no primeiro ano de estudo, embora na média dos experimentos (locais e anos) a interceptação da calda dos herbicidas pela palha tenha sido de 26, 41 e 67% quando se utilizou 1,5, 3 e 4,5t ha-1 de palha, respectivamente; clomazone e imazapyr+imazapic não sofreram influência dos níveis de palha para a variável controle. Não houve interação entre os fatores herbicidas e níveis de palha no campo para a densidade de capim-arroz, observando-se que, na ausência de herbicidas, a presença de palha proporcionou aumento na emergência de plantas de capim-arroz em relação ao solo nu. A produtividade de grãos de arroz decresceu à
medida que se aumentou os níveis de palha nos dois locais e anos de estudo (Capítulo 2). Na CV, o controle de capim-arroz foi superior a 90% em quaisquer das condições testadas (Estudo I); a lixiviação dos herbicidas na palha seguiu a ordem pendimethalin = clomazone < imazapyr = imazapic < quinclorac, sendo dessa maneira os dois primeiros com as maiores perdas para o ambiente e/ou sorção na palha, e os últimos os mais recalcitrantes e mais facilmente lixiviáveis na palhada do azevém (Capítulo 3). Com base nesses resultados, a eficácia de oxyfluorfen, pendimethalin e quinclorac foi positivamente afetada pela presença de palha na superfície do solo em anos onde há o atraso na ocorrência de chuvas após a aplicação (primeiro ano de estudo. Em anos de ocorrência de chuvas logo após a aplicação não há influência da palha sobre a eficácia dos herbicidas (segundo ano de estudo). Ainda, os herbicidas com potencial decréscimo na eficácia de controle de plantas daninhas em caso de atraso na ocorrência de chuvas são clomazone e pendimethalin, embora tenham se mostrado eficientes no trabalho em casa de vegetação.