Avaliação do comportamento alimentar e de fatores associados em pessoas com diabetes mellitus e/ou hipertensão
Resumo
As doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes tipo 2, a hipertensão e a
obesidade, são responsáveis pela maioria dos óbitos em todo o mundo. No entanto,
é viável prevenir tais condições de saúde, bem como seus impactos negativos, através
da adoção de comportamentos modificáveis, como a prática de uma alimentação
saudável. Diante disso, o objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento alimentar
e as práticas alimentares de pacientes com diabetes tipo 2 e/ou hipertensão e sua
associação com fatores sociodemográficos e antropométricos. Estudo transversal
realizado com brasileiros adultos e idosos, com diagnóstico prévio de diabetes tipo 2
e/ou hipertensão, que frequentaram os ambulatórios de nutrição do Centro de
Diabetes e Hipertensão da Universidade Federal de Pelotas. O comportamento
alimentar foi mensurado por meio do Three-factor Eating Questionnaire-R21 (TFEQ R21), enquanto as práticas alimentares foram obtidas pela escala de adesão ao Guia
Alimentar para a População Brasileira (GAPB). Foram aferidas medidas de peso,
altura e percentual de gordura corporal (PGC) para avaliação do estado nutricional.
Bem como dados de sexo, idade, escolaridade e estado civil. Foi utilizada regressão
de Poisson para examinar a relação entre comportamento e práticas alimentares com
dados sociodemográficos, e regressão linear simples e múltipla para análise da
associação entre comportamento e as práticas alimentares com Índice de Massa
Corporal (IMC) e PGC dos indivíduos. Para todas as análises considerou-se o nível
de significância de 5%. Participaram do estudo 275 voluntários, sendo a maioria do
sexo feminino e com menos de 60 anos de idade. Indivíduos do sexo masculino e os
idosos apresentaram menor probabilidade de obter altas pontuações nos domínios de
‘alimentação emocional’ (AE) e ‘descontrole alimentar’ (DA). Em contraste, os idosos
tiveram maior probabilidade de adesão às recomendações do GAPB. Observou-se
associação positiva entre as pontuações altas de AE e DA e o IMC, enquanto maiores
pontuações das práticas alimentares estiveram negativamente associadas ao IMC.
Altas pontuações nas dimensões de AE e DA foram positivamente associadas ao
PGC, independente dos fatores de confusão incluídos na análise. Por outro lado,
maiores escores de práticas alimentares recomendadas pelo GAPB apresentaram
associação inversa com o PGC. Indivíduos do sexo masculino e com mais de 60 anos
apresentaram menores prevalências de alta pontuação em AE e DA. Os idosos
apresentaram maior prevalência de adesão às práticas alimentares do GAPB. Altas
pontuações de AE e DA foram positivamente associadas com IMC e PGC. As práticas
alimentares mostraram associação inversa com IMC e PGC. A compreensão de como
fatores psicológicos, sociais e culturais influenciam o comportamento e as práticas
alimentares pode contribuir para uma abordagem de tratamento mais abrangente e
eficaz, visando mudanças de comportamento duradouras.