Cultivo do tomateiro em sistema sem drenagem: respostas agronômicas a diferentes substratos e à enxertia de plantas sob diferentes condutividades elétricas da solução nutritiva
Resumo
No setor agrícola, a cobrança por reduzir os impactos ao meio ambiente é crescente.
Sistemas de buscam otimizar o uso de água, fertilizantes e meios de cultivo tem
ganhado espaço entre os produtores. O sistema de cultivo sem drenagem tem esse
potencial, além de ser mais uma alternativa para o cultivo em substrato. Por ser um
sistema mais complexo, pois tende a salinização do substrato e meio radicular, se
fazem necessários estudar a viabilidade e adaptação de diferentes substratos a esse
sistema. A enxertia em hortaliças tem crescido consideravelmente e tem sido uma
alternativa de manejo para superação de condições adversas de cultivo no solo, indo
além de apenas conferir resistência a patógenos de solo, pois também é utilizada para
superação de estresses abióticos. Neste sentido, a enxertia pode ser uma aliada no
cultivo sem solo, pois, segundo experiências de produtores, a técnica, além de
assegurar maior vigor, pode conferir as plantas enxertadas maior capacidade de
absorção de água e de nutrientes minerais, e aumentar a longevidade das plantas.
Esta tese busca sanar alguns questionamentos sobre o comportamento de dois
substratos e o desempenho de plantas enxertadas de tomateiro em sistemas de
cultivo sem drenagem submetidos à diferentes condutividades elétricas da solução
nutritiva, visto que, os estudos são praticamente inexistentes, não havendo evidências
científicas suficientes que comprovem sua superioridade produtiva. Dessa forma, este
trabalho tem por objetivo aferir o efeito dos substratos, da enxertia e da condutividade
elétrica sobre o crescimento assim como avaliar a produtividade e a qualidade dos
frutos em sistemas de cultivo sem solo sob condições adequadas de temperatura e
luminosidade. Os trabalhos foram conduzidos em sistema de cultivo em substrato de
casca de arroz in natura e substrato comercial. As variáveis analisadas foram quanto
ao crescimento das plantas (número de folhas, índice de área foliar, área foliar, área
foliar específica, massa seca de raiz, caule, folhas, frutos e total) e quanto a produção
(número, peso médio, produção, teor de sólidos solúveis totais e tamanho dos frutos).
O substrato comercial promoveu maior produção de massa seca de caule, folhas,
frutos e total, número de frutos, produção de frutos e sólidos solúveis totais. A casca
de arroz in natura promoveu maior concentração de acúcares dos frutos (SST). A
condutividade elétrica da solução nutritiva de 1,3 dS m-1 favorece o peso médio de
frutos e, consequentemente, um maior rendimento de frutos. Já a CE 2,6 dS m-1
favorece a produção de massa seca de caule, de folhas e total. A enxertia de plantas
favorece o crescimento radicular e caulinar das plantas, a expansão foliar, a produção
de um maior número de frutos e maior rendimento. A enxertia não afeta o peso médio
e tamanho dos frutos. Com uso da solução nutritiva de CE 2,6 dS m-1, é possível obter
frutos com maior concentração de açúcares de plantas enxertadas do que de plantas
não enxertadas. A condutividade elétrica da solução nutritiva de 2,6 dS m-1 favorece
a expansão foliar, a produção de um maior número de frutos e, consequentemente,
seu rendimento. Os dados obtidos mostram a viabilidade técnica do cultivo do
tomateiro do tipo saladete em sistema de cultivo em substrato sem drenagem.