Ocupar, resistir e produzir: famílias assentadas e feiras agroecológicas na Região Metropolitana de Porto Alegre
Resumo
O comércio de alimentos desempenhou um papel crucial na história da humanidade,
influenciando a geopolítica global. Desde os antigos impérios até os conglomerados
agroindustriais modernos, houve uma complexa interação de forças geopolíticas,
avanços tecnológicos e questões sociais relacionadas à produção, distribuição e
consumo de alimentos. A agricultura familiar ganhou reconhecimento oficial no Brasil,
com a criação do PRONAF em 1995 e a Lei da Agricultura Familiar em 2006. Além
disso, as redes agroalimentares alternativas surgiram como uma resposta ao
comércio alimentar massivo, visando soluções mais sustentáveis e justas para a
produção e distribuição de alimentos. A globalização do setor agroalimentar impactou
a agricultura, levando países periféricos a focarem em monoculturas de exportação e
a adotarem insumos modernos. As feiras-livres são espaços importantes para a
comercialização de hortifrutigranjeiros. Entrementes, se nas feiras convencionais os
produtos comercializados podem ser obtidos mediante o uso de agroquímicos, nas
feiras agroecológicas os processos produtivos seguem rigorosamente os princípios
da agricultura sustentável. O consumo de alimentos orgânicos agroecológicos está
em ascensão, e as feiras agroecológicas desempenham um papel vital na economia
solidária, permitindo a venda direta de produtos saudáveis a preços justos,
fortalecendo comunidades e promovendo a conscientização dos consumidores sobre
a origem dos alimentos. A presente tese tem como objetivo geral examinar a dinâmica
das feiras de produtos agroecológicos existentes na região metropolitana de Porto
Alegre a partir da perspectiva das famílias de assentados de reforma agrária
implicadas nesse processo, com ênfase nos desafios, perspectivas, oportunidades e
experiências acumuladas ao longo do período em que opera esta rede agroalimentar
alternativa. As feiras da região metropolitana de Porto Alegre, como a Feira da
Auxiliadora e a Feira do Lindóia, têm origens na cooperativa Copaero e desempenham
um papel crucial na comercialização de produtos orgânicos. Além disso, a primeira
Feira Orgânica da região também contribuiu para atender à demanda crescente por
alimentos saudáveis. Essas feiras estabeleceram laços de confiança entre
agricultores e consumidores, fortalecendo as famílias assentadas e promovendo a
sustentabilidade. Os jovens agora veem a agricultura e a participação nas feiras como
opções de carreira promissoras. Em resumo, essas iniciativas desempenham um
papel vital na promoção de uma comunidade mais saudável e sustentável em Porto
Alegre.