Dimensões (auto)biográficas e autorregulatórias na formação de professores de matemática: uma experiência com a Sala de Aula Invertida
Abstract
Esta pesquisa buscou investigar se, como e com que sentido o Seminário de Pesquisa-Formação possibilita aos sujeitos participantes significar e dar sentido às suas experiências formativas, especialmente no que se refere ao potencial da Sala de Aula Invertida como possibilidade de fomento à autorregulação da aprendizagem. A perspectiva epistemológica e teórico/metodológica proposta tem como base o método (auto)biográfico e, mais especificamente, os seminários de pesquisa formação jossonianos. A tese opera com narrativas (auto)biográficas e memoriais de formação de sete futuros professores de
matemática e do próprio investigador. A investigação lança luz sobre uma experiência particular com a abordagem Sala de Aula Invertida, realizada três anos antes do seminário. As narrativas orais e escritas foram analisadas à luz do método da Compreensão Cênica, de Marinas. A análise das cenas rememoradas indicou que a aprendizagem invertida representou uma
experiência crítica e formadora, favoreceu a adoção de estratégias de aprendizagem e contribuiu para o desenvolvimento de crenças positivas de autoeficácia acadêmica relacionadas a aprendizagem da matemática. A parte empírica da investigação, realizada de setembro a outubro de 2022, revela que a experiência repercutiu não somente ao longo do semestre no qual foi
implementada, mas também no período imediatamente posterior, caracterizado pelas aulas remotas decorrentes da pandemia da COVID-19. O estudo permitiu descortinar cursos de ação, tomadas de consciência e significativa resiliência na busca pela docência, refletindo percursos formativos singulares dos quais emergem desafios e possibilidades. A potência da partilha, da palavra dada e da escuta atenta revela a importante contribuição que a pesquisa-formação pode oferecer à formação de futuros professores de matemática, bem como a formação continuada do pesquisador. Nesta concepção, entende-se que narrativa (auto)biográfica possibilitou aos sujeitos rememorarem e refletirem acerca de suas experiências acadêmicas e de vida, configurando um espaço formativo privilegiado e singular. Ao imbricar passado, presente e futuro, a narrativa de si permitiu descortinar aspectos fundamentais da formação docente dos sujeitos participantes deste estudo como pessoas em autorregulação, implicando novas formas de compreender o processo de ensino e aprendizagem e, em especial, acerca da mediação proporcionada pela tecnologia no contexto educacional.