"Tudo que você toca, você Muda": a reprodução do cenário distópico do Capitaloceno e a construção de estratégias utópico-religiosas em A Parábola do Semeador e A Parábola dos Talentos, de Octavia Butler
Resumen
As obras de Octavia Butler nos convidam a transcender os medos e anseios
contemporâneos que são projetados na obra para um futuro distópico e
representam através do espaço psicológico, físico e social, como se reproduz a era
do Capital. Os romances são apresentados em um futuro pessimista no qual os
personagens precisam lutar para sobreviver criando estratégias para dar conta de
uma era de instabilidade, escassez e devastação, onde o cenário é uma Califórnia
de desigualdades sociais, um aquecimento global descontrolado e um Estado
impotente liberal (ou religioso no caso de Talentos) tudo como resultado da
exploração irresponsável de recursos naturais.As obras de Butler nos convidam a
transcender os medos e anseios contemporâneos que são projetados na obra para
um futuro distópico. .O foco da dissertação é tornar explícita a materialização do
caos ecológico e social presentes nos romances de Butler. Partindo desse
pressuposto, ao analisar a conjuntura capitalocênica apresentada no romance, que
repensa a dinâmica de relações entre o ser humano e a natureza construindo uma
prática de exploração ilimitada, é correto aferir que as distopias melhor apresentam
sinais das consequências dos atos presentes e representam o futuro, porque estão
conectadas diretamente com as ansiedades presentes das sociedades. Ao
entendermos uma distopia como retrato de uma sociedade em ruínas, o
Capitaloceno é distópico no sentido de que esses impactos ecológicos crescentes
são causados pelo modo de produção capitalista que, atinge grupos sociais de
maneira desigual. Temos por objetivo apresentar as análises que buscam observar
como o conceito Capitaloceno se materializa nos espaços distópicos e analisar
como a personagem do romance tenta criar estratégias para dar conta das
explorações do sistema.