A desigualdade na educação básica do Haiti : uma abordagem a partir do pensamento rousseauniano
Resumo
Esta pesquisa apresenta uma discussão sobre o problema da desigualdade na educação básica do Haiti, com um olhar a partir do pensamento de Jean-Jacques Rousseau. A dissertação exercita uma discussão qualitativamente filosófica e bibliográfica sobre o tema abordado. O início do primeiro capítulo defende a ideia de que os aspectos socioeconômicos, históricos e políticos do país contribuem muito na disparidade existente hoje. Reforça que a desigualdade no sistema educativo haitiano não é algo que surgiu de repente, paradoxalmente, foi construída ao longo do tempo e permanece por nunca ter sido prioridade por parte dos governos haitianos. Destaca-se que a subida da elite intelectual francófona e católica pelos primeiros religiosos que chegaram após assinatura da Concordata entre o Estado haitiano e a Santa Sé em 1860, sobre a educação e evangelização, contribuíram para a procriação da desigualdade haitiana. O Haiti, apesar de expulsar os colonizadores, pretendia criar uma forte nação, que rivalizasse com a ideologia escravista colonial, não chegando a desempenhar certas práticas coloniais. A Reforma Bernard, na segunda metade do século passado, inaugurou uma nova era no sistema educativo haitiano e teria marcado o fim do sistema educativo elitista colonial que sobreviveu sem os colonos, mas foi pouco sucedido, devido às crises políticas que atravessaram o país até hoje. A educação no Haiti é paga, estendida sobre a forma piramidal, direcionando melhor ensinamento para quem tem dinheiro para pagar por ela, em um país onde o acesso as necessidades básicas são muito restritos para grande parte da população. Esta dissertação também enfoca que a educação deve ser uma prioridade para combater a desigualdade no país. No seguinte capítulo se exercita a forma pela qual o pensamento de Rousseau será capaz de incentivar a compreensão da cidadania e o bem comum, considerado como plano primeiro para construir uma sociedade democrática, forte e independente. A sociedade nem sempre é vista em um aspecto positivo em Rousseau, pois encanta o homem primitivo por sua incorruptibilidade e inocência. Devido a isso, o homem é naturalmente um ser bom. Em Rousseau, os tratados sobre a educação e a política (Emílio ou Da Educação e O Contrato Social) podem ser considerados como uma opção para reconstruir uma sociedade corrupta e viciosa. Neste caso, a educação haitiana deve ser vista num outro ângulo. Trata-se de uma re-educação que teria como objeto a reconstrução da cidadania, incentivando o sentido de pertencimento nacional.