Cultura do trabalho na Educação de Jovens e Adultos integrada à Educação Profissional e Tecnológica (EJA-EPT / PROEJA) : tensões e disputas a partir da economia solidária e do empreendedorismo

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Data
2024-12-20Autor
Oliveira, Guilherme Brandt de
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A presente tese, tendo por base teórico-metodológica o materialismo históricodialético, objetiva analisar como ocorre a disputa pela cultura do trabalho na Educação de Jovens e Adultos integrada à Educação Profissional e Tecnológica (EJA-EPT), tomando por base dois cursos da modalidade, sendo o primeiro marcado por conceitos e práticas de Economia Solidária e, o segundo, de Empreendedorismo. O campus Restinga do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, com seus cursos técnicos de Agroecologia e de Comércio integrados ao ensino médio na modalidade EJA, constitui-se em locus privilegiado, uma vez que é o único do estado que oferta mais de um curso de EJA-EPT. Foi realizado um estudo sobre a situação da educação da classe trabalhadora no Brasil, principalmente da Educação de Jovens e Adultos e da Educação Profissional em seus contextos atuais. Da premissa de que o trabalho em sua forma assalariada se encontra em crise, conclui-se que há movimentos ligados ao capital e ao trabalho para ocupar este espaço, haja vista a necessidade dos sujeitos da classe trabalhadora de proverem sua existência. A partir disto, elaborou-se uma discussão acerca dos conceitos de Economia Solidária e de Empreendedorismo. A pesquisa se realizou via um estudo sobre a produção do conhecimento acerca de EJA-EPT no Brasil; um levantamento de dados acerca da EJA-EPT no Rio Grande do Sul, através de respostas a questões abertas e fechadas fornecidas pelas pessoas em função de coordenação de curso nos Institutos Federais do estado; uma análise documental dos projetos pedagógicos dos cursos de Agroecologia e de Comércio do IFRS – Campus Restinga; e uma organização de entrevistas junto a docentes, guiadas por um roteiro semiestruturado. Como achados, identificouse a presença já forte do Empreendedorismo nos currículos de EJA-EPT, frente à qual cabe organizar a disputa, afirmando a curricularização da Economia Solidária como resposta possível da classe trabalhadora. Conclui-se que os sujeitos da EJA têm a necessidade imediata de produzir sua própria existência, de forma a ser preciso que as instituições de ensino lhes ofereçam não apenas a denúncia da perversidade estrutural do capitalismo, mas também lhes anunciem a existência de respostas concretas que possam lhes garantir renda e, ao mesmo tempo, outra sociabilidade possível. Para isto, faz-se necessário o diálogo vivo e organizado das instituições educativas com movimentos e sujeitos da Economia Solidária, a fim de construir uma cultura do trabalho de novo tipo.