Dinâmica da dengue em áreas de risco no Brasil: uma análise epidemiológica baseada no modelo de Ornstein-Uhlenbeck
Resumo
A dengue é uma das arboviroses mais alarmantes, afetando milhões de pessoas
anualmente e constituindo um significativo desafio para a saúde pública em
escala global. Com quatro sorotipos distintos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3
e DENV-4), a doença é transmitida pela picada das fêmeas dos mosquitos Aedes
aegypti e Aedes albopictus. Modelos matemáticos podem auxiliar na compreensão
da dinâmica de disseminação da dengue, especialmente ao considerar como a
mobilidade humana e as interações entre diferentes grupos populacionais influenciam
a propagação da doença. Nesse sentido, é proposto um modelo analítico
de reação-advecção-difusão em forma fechada, baseado no processo estocástico
de Ornstein-Uhlenbeck, em tempo e espaço contínuos, para estimar a distribuição
espaço-temporal da taxa de novas infecções e, assim, a taxa de risco de infecção de
um hospedeiro na região de abrangência. Para a análise, considerou-se inicialmente
uma população de indivíduos suscetíveis distribuídos uniformemente no espaço. Em
seguida, como condição inicial, ocorreu a introdução de um novo foco de infecção
no ponto x
, rompendo com a distribuição homogênea. A partir dessa modelagem,
foram determinados os parâmetros epidemiológicos essenciais na dinâmica de
disseminação da dengue, incluindo o número básico de reprodução (R
0
) e o tempo
de geração da doença. Para o estudo, foram selecionados estados de cada uma das
regiões: Amazonas e Pará (Norte); Bahia e Pernambuco (Nordeste); Paraná e Rio
Grande do Sul (Sul); Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (Sudeste); e Goiás e
Distrito Federal (Centro-Oeste). Os dados epidemiológicos sobre casos de dengue
foram extraídos da plataforma DataSUS, abrangendo o período de 2014 a 2024, com
foco nas semanas epidemiológicas 1 a 7 de cada ano. Os valores de R
encontrados
foram consistentemente superiores a 1, variando entre 1 e 2,5 ao longo do período
estudado. Os resultados mostram que os valores de R
e o tempo médio de geração
de 18,77 dias encontrado estão alinhados com estudos anteriores. Em relação à
área de risco, os resultados indicam que a maior intensidade na escala de risco está
concentrada próxima ao ponto central de infecção. Isso sugere que o maior risco de
transmissão ocorre em um raio muito reduzido. Portanto, ações direcionadas em um
raio inferior a 0,2 km ao redor de casos identificados devem ser prioritárias.