Efeitos das políticas educacionais neoliberais sobre o trabalho e a autonomia dos professores e processos de resistência e de construção da docência autônoma
Resumen
O presente estudo é resultado de uma investigação sobre os efeitos das políticas educacionais atreladas ao novo ordenamento e às novas configurações sóciopolítico-econômicas do capitalismo globalizado sobre o trabalho e a autonomia docente, bem como sobre as possibilidades de uma práxis enquanto processo de resistência e de construção de uma docência autônoma. O objetivo central deste trabalho é compreender os efeitos do contexto sócio-político-econômico do neoliberalismo e das políticas educacionais atravessadas pela perspectiva hegemônica sobre o trabalho e a autonomia dos professores, bem como as possibilidades de resistência e de construção de uma docência autônoma. A metodologia de pesquisa, ancorada no materialismo histórico-dialético, se desenvolveu em torno da seguinte questão: como as políticas educacionais e o cenário sócio-político-econômico da globalização neoliberal impactam o trabalho dos professores, e como sua reflexão e atuação, diante deste contexto, podem contribuir para o fortalecimento e para a construção da autonomia docente?-se como uma pesquisa qualitativa crítica, este trabalho partiu de um estudo bibliográfico a partir do qual se propiciou o aprofundamento de conceitos e de categorias prévias consideradas centrais para o seu desenvolvimento. A metodologia de pesquisa empírica desenvolvida constituiu-se a partir de um estudo de caso realizado com professores atuantes em uma escola de educação básica da rede pública estadual de ensino, situada no município de Pelotas/RS. Para tanto, foram analisados o Projeto Político Pedagógico da escola, aplicados questionários e realizadas entrevistas com os docentes. A análise de dados, procedida a partir de uma análise de conteúdo, revelou, no contexto das políticas educacionais neoliberais, o desenvolvimento de estratégias de adequação da prática docente, com repercussão sobre a profissionalidade dos professores e a ocorrência de um processo de precarização do seu trabalho e de restrição de autonomia. Da mesma forma, demostrou o desenvolvimento de um movimento reflexivo pelos docentes, e a construção de mecanismos de resistência e de busca do fortalecimento da sua autonomia, para o quê são fundamentais a gestão democrática, o trabalho coletivo e a interação entre a escola e a universidade pública. Estes resultados permitiram referendar a tese sustentada neste trabalho de que, diante de um contexto de cooptação da educação pela lógica do capital, o movimento reflexivo crítico acerca do contexto político-social-econômico, das políticas educacionais desenvolvidas sob a lógica do capital, bem como de suas implicações para o trabalho e a autonomia docente, favorece a construção de estratégias e de mecanismos de resistência e fortalecimento da atuação autônoma dos professores.