A emergência das práticas de cuidado na Atenção Psicossocial infantojuvenil
Resumo
O presente estudo objetiva problematizar as práticas de cuidado engendradas pelos trabalhadores, num Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil, o que implicou no atravessamento dos efeitos e das estratégias de poder e norma que circulam neste cenário de cuidado. Pressupõe-se que as práticas de cuidado constituem-se a partir de elementos de uma tecnologia disciplinar, investido, na atualidade, por estratégias biopolíticas e de controle para compor o discurso da Atenção Psicossocial. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, inspirada no referencial teórico proposto por Michel Foucault, numa vertente pós-estruturalista. Utilizou-se como técnicas de investigação, a entrevista semi-estruturada e a observação participante construída a partir de um diário de campo. A pesquisa foi realizada no Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil no município de São Lourenço do Sul/RS e os participantes foram dezesseis trabalhadores. Os dados, através da análise textual, foram operacionalizados com as ferramentas teóricas a disciplina e a biopolítica. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob CAAE: 47881915.2.0000.5316, e seguiu as normas da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Os resultados da pesquisa estão apresentados em um capítulo de análise, dividido em dois subcapítulos: 1) O CAPSi SACI e a composição da disciplina no espaço do cuidado, onde foi problematizado os mecanismos disciplinares, enquanto possibilidades de normalização das crianças e jovens, que através da disciplina do seu comportamento, favorece os meios para controlar e manipular; 2) Biopolítica e a fabricação de uma população: preocupação com o futuro, no qual propus a problematização das estratégias biopolíticas, das práticas disciplinares de cuidado, na Atenção Psicossocial infantojuvenil, e que demarcam uma população específica, que se mostra centrada na prevenção, no futuro, no que pode vir a acontecer. Conclui-se que, no Centro de Atenção Psicossocial infantojuvenil SACI, as práticas de cuidado são exercidas por pessoas sujeitadas por outros mecanismos e estratégias que disciplinam, com tendência para normalizar e controlar. Por fim, os trabalhadores tendem a engendrar práticas disciplinadoras de cuidado, com a preocupação de fabricar uma população normalizada.