Consumo alimentar e saúde bucal em adultos e idosos

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Data
2025-06-18Autor
Xavier, Mariele dos Santos Rosa
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Mostrar registro completoResumo
A saúde bucal é um dos pilares fundamentais tanto para a saúde geral quanto
para a qualidade de vida dos indivíduos, desempenhando um papel importante
nos aspectos psicossociais. Dificuldades para consumir determinados alimentos
podem estar diretamente relacionadas a problemas de saúde bucal, contribuindo
para uma maior seletividade alimentar no dia a dia. Esta tese de doutorado
investigou duas hipóteses a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS), nas edições de 2013 e 2019, relacionadas à saúde bucal e ao consumo
alimentar. O primeiro artigo examinou a associação entre a autopercepção da
saúde bucal e indicadores de consumo de alimentos saudáveis e não saudáveis
entre adultos e idosos em ambas as edições da PNS. Após ajustes para
potenciais fatores de confusão, os resultados mostraram que, em 2013,
indivíduos que relataram uma autopercepção "ruim/muito ruim" de sua saúde
bucal apresentaram menor prevalência de consumo regular de vegetais crus e
cozidos (RP=0,92; IC95%: 0,86–0,98), frutas (RP=0,82; IC95%: 0,75–0,90) e
leite (RP=0,86; IC95%: 0,80–0,93), em comparação àqueles com autopercepção
"muito boa/boa". Em 2019, os achados foram semelhantes, com menor
prevalência do consumo regular de vegetais crus e cozidos (RP=0,83; IC95%:
0,78–0,88), frutas (RP=0,82; IC95%: 0,76–0,88) e leite (RP=0,87; IC95%: 0,82–
0,93) e maior prevalência do consumo regular de refrigerantes e bebidas
adoçadas (RP=1,13; IC95%: 1,02–1,24), doces (RP=1,15; IC95%: 1,03–1,29) e
da substituição das principais refeições por lanches (RP=1,18; IC95%: 1,06–
1,32). Ainda em 2019, participantes com autopercepção "regular" de saúde bucal
também apresentaram menor consumo regular de carne vermelha (RP=0,95;
IC95%: 0,91–0,98) em comparação aos que relataram autopercepção "muito
boa/boa". O segundo artigo analisou a associação entre perda dentária e pior
qualidade da dieta, considerando o papel mediador do uso de prótese dentária
em adultos com 40 anos ou mais, utilizando os dados da PNS 2019. Os
resultados indicaram que indivíduos com perda dentária grave/edentulismo
apresentaram maiores chances de estarem no quintil de pior qualidade da dieta
em comparação aos que apresentavam perda ausente ou leve (OR=1,25;
IC95%: 1,07–1,47). As análises de mediação revelaram que o efeito da perda
dentária grave/edentulismo sobre a pior qualidade da dieta foi mediado pelo uso
de prótese dentária, correspondendo a -2,01% do efeito direto e indireto. Conclui se que a saúde bucal precária está associada a um padrão alimentar menos
saudável e que o uso de prótese dentária pode desempenhar um papel mediador
nessa relação, atenuando o efeito da perda dentária sobre a má qualidade da
dieta. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas integradas que
promovam a saúde bucal como estratégias essenciais para prevenir doenças
crônicas não transmissíveis e melhorar a qualidade de vida da população.
