Potencial de Tagetes minuta (Asteraceae) para o manejo de Ascia monuste orseis (Lepidoptera: Pieridae) em cultivos orgânicos de brássicas no município de Pelotas, RS, Brasil
Resumo
Atualmente, a demanda por alimentos saudáveis e formas de produção menos
agressivas ao ambiente e a saúde humana tem levado à busca por sistemas de
produção mais sustentáveis. Neste contexto, a utilização de plantas bioativas e
o resgate de técnicas utilizadas pelos agricultores familiares vêm sendo
empregadas como alternativas para o manejo de insetos nos sistemas de
produção de base ecológica. Desta forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o
potencial de Tagetes minuta (Asteraceae) no manejo da Ascia monuste orseis
(Lepidoptera: Pieridae) em couve (Brassica oleracea var. acephala). Os
trabalhos incluíram bioensaios de laboratório e experimentos de campo. Em
laboratório, foram avaliados: consumo foliar (com e sem chance de escolha),
biologia do inseto (ação de ingestão e contato) e ação sobre posturas. No
bioensaio de consumo sem chance de escolha, os tratamentos testados foram
extrato de flor e folha 10 e 30% (v/v) com e sem adjuvante (farinha de trigo 1%
p/v) e óleo essencial de flor e folha 0,25, 0,5 e 1% (v/v) na alimentação de
lagartas com três dias de vida. No consumo foliar com chance de escolha os
tratamentos foram extrato de flor e folha 10 e 30% (v/v) e óleo essencial de flor
e folha 0,5 e 1% (v/v), aplicados á alimentação das lagartas com seis dias de
vida. Biologia de vida pela ação de ingestão e contato com os tratamentos
extrato de flor e folha 10 e 30% (v/v) com e sem adjuvante (farinha de trigo 1%
p/v) e óleo essencial de flor e folha 0,25, 0,5 e 1% (v/v) e ação ovicida dos
extratos de flor 10 e 30% (v/v) com e sem adjuvante (farinha de trigo 1% p/v), e
óleo essencial de flor 0,25, 0,5 e 1% (v/v) sobre ovos. Todos os bioensaios
foram confrontados com as testemunhas água e óleo de nim 1% v/v. Na
experimentação de campo foram aplicados semanalmente sobre couve os
extratos de flor e folha de T. minuta 30% (v/v) com adjuvante, comparados à
testemunha água destilada, no manejo de insetos fitófagos. Os resultados dos
bioensaios em laboratório demostraram que no consumo foliar com e sem
chance de escolha o extrato de flor 10% (v/v) reduziu o consumo foliar. Na
biologia do inseto, extratos de flor e folha foram eficientes na ação de ingestão,
assim como extratos e óleo essencial de folha foram eficientes na ação de
contato, enquanto o óleo essencial de flor e folha a 1% (v/v) e óleo de flor
(0,5%; 1% v/v) foram eficazes, respectivamente sobre a mortalidade e redução
da eclosão de lagartas. No experimento de campo os extratos de flor e folha
30% (v/v) com adjuvante reduziram a população de insetos fitófagos em couve.
De forma geral, os resultados evidenciam o potencial de T. minuta para manejo
de A. monuste orseis, configurando-a como uma alternativa de fitoproteção que
poderá ser utilizada na produção agroecológica de brássicas.
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