Impacto da ivermectina sobre Eisenia foetida e atividade microbiana na vermicompostagem de esterco bovino
Resumo
As fontes potenciais de poluentes provenientes de operações agroindustriais
incluem resíduos animais, medicamentos veterinários, pesticidas e outros produtos
químicos, como detergentes e desinfetantes. As avermectinas são amplamente
usadas em medicina veterinária e na agricultura. Estes agentes são excretados, em
certa quantidade, nas fezes de animais tratados e tem sido demonstrado que os
membros do grupo das avermectinas podem ter efeitos nocivos sobre os organismos
não-alvo que utilizam as fezes. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da
ivermectina em minhocas Eisenia foetida, através da análise de sobrevivência,
desenvolvimento, produção de casulos, atividades enzimáticas e comportamento
durante a vermicompostagem de esterco bovino em condições de laboratório. Além
disso, as alterações químicas e a atividade microbiana do vermicomposto também
foram estudadas. As minhocas (n = 10 e com três repetições) foram expostas aos
substratos teste contaminados com ivermectina a 0, 1, 5, 10, 50 e 100 mg kg-1.
Diferenças significativas foram testadas utilizando-se a análise de variância
(ANOVA), seguidas pelo teste de Duncan. Além disso, foram aplicados modelos de
regressão para verificar um efeito dose-resposta. Não houve efeitos negativos da
ivermectina sobre a mortalidade de minhocas. Da mesma forma, as características
químicas e a atividade microbiana do vermicomposto não foram afetados. Os
resultados mostram que o teste de fuga não foi suficiente para determinar a
toxicidade da ivermectina para Eisenia foetida em esterco bovino. No entanto, uma
resposta hormética foi registrada em relação ao crescimento e a atividade relativa
das enzimas acetilcolinesterase, catalase e fosfatase alcalina em minhocas. Além
disso, os resultados mostram valores diminuídos da atividade enzimática da
glutationa-s-transferase e aumento dos níveis de hidroperóxidos, em resposta às
concentrações mais elevadas de ivermectina ao fim de 7 dias de tratamento. Por
outro lado, depois de 28 dias, a atividade da glutationa-s-transferase foi
significativamente aumentada (p <0,01) nas exposições a 50mg kg-1 e 100 mg kg-1.
Portanto, pode-se concluir que a exposição aguda à elevadas concentrações de
ivermectina ocasiona dano celular em minhocas. Adicionalmente, a presença da
hormese induzida pela ivermectina em Eisenia foetida pode estar relacionada a
ativação de vias de adaptação.
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