Estresse abiótico provocado pela salinidade na cultura do arroz irrigado
Abstract
As lavouras de arroz da Planície Costeira, localizadas na região litorânea do Rio Grande do Sul, sofrem, frequentemente, de prejuízos na produção decorrentes da salinização da água dos mananciais. O aumento da concentração salina, além de afetar negativamente o metabolismo celular das plantas, prejudica o crescimento e o desenvolvimento das plantas de arroz. Neste sentido, objetivou-se avaliar o efeito do estresse salino em diferentes fases do desenvolvimento da cultura do arroz sobre as características agronômicas, a qualidade fisiológica de sementes produzidas e a atividade das enzimas antioxidantes de plântulas oriundas de sementes de duas cultivares contrastantes quanto a tolerância a salinidade (Estudo 1); sobre o acúmulo de sódio e macronutrientes da parte aérea das plantas ao final do cultivo sob estresse (Estudo 2); e, avaliar o efeito da salinidade sobre o crescimento inicial e acúmulo de sódio no tecido vegetal de duas cultivares de arroz (Estudo 3). Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação e no Laboratório Didático de Análise de Sementes (LDAS). O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados com esquema de parcelas subdivididas (Estudo 1 e 2), sendo a parcela composta pelos estádios de desenvolvimento da cultura (C- Sem estresse (controle); EM- da emergência (E) até a maturidade (M); EAN- da emergência até a antese (AN); E35- da emergência até 35 dias após a emergência; 35AN- dos 35 dias após a emergência até a antese; e ANM- da antese até a maturidade) e a subparcela constituída das cultivares de arroz (IRGA 417 e BRS Bojuru) com quatro repetições. Para o Estudo 3, o delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado em esquema bifatorial AxB (Fator A: BRS Bojuru e IRGA 417; Fator B: com e sem estresse salino) com cinco repetições. O estresse salino foi obtido pela irrigação com solução de cloreto de sódio (NaCl) na concentração de 12 e 16 mM. Foram avaliadas as características agronômicas, qualidade fisiológica das sementes produzidas, metabolismo antioxidante, acúmulo de sódio e macronutrientes e análise de crescimento. Com base nos resultados obtidos com os experimentos realizados foi possível verificar que a salinidade apresenta efeito negativo sobre as características agronômicas e a qualidade fisiológica das sementes produzidas das cultivares BRS Bojuru e IRGA 417. O estresse causado no EM, na EAN e 35AN são os mais críticos para a produtividade de sementes e no acúmulo de nutrientes na parte aérea das cultivares de arroz. Plântulas oriundas das sementes produzidas sob estresse salino apresentam mecanismos enzimáticos antioxidantes eficientes. As cultivares apresentam redução no crescimento inicial em presença da salinidade, no entanto, a BRS Bojuru no início do crescimento, em condição de salinidade, apresenta maior altura de planta, área foliar e massa de matéria seca e menor teor de sódio que a IRGA 417.