Imagens embriagadas: a cruzada das crianças - Barbárie e reencantamento do mundo.
Resumo
Através de um acervo de fotografias de crianças que passaram pelo Patronato Agrícola Visconde da Graça (PAVG) – fundado em 1923 no interior de um projeto civilizatório, moral
e positivista vigente no advento da república brasileira –, a tese aqui defendida toma como
base as contribuições de Walter Benjamin acerca da barbárie que atravessa a história como
um raio e do movimento surrealista em sua embriagada crítica ética, estética e política na
direção de um (im)possível reencantamento do mundo. A partir de uma compreensão da história das imagens – de Aby Warburg a Georges Didi-Huberman –, as imagens das crianças do PAVG são apresentadas como parte de uma Cruzada das Crianças fora do tempo e do espaço e, por isso, sobrevivente em um tempo sintomático, conjugado no (contra) ritmo da diferença e da repetição de um inconsciente da história. Através da montagem surrealista, esta tese busca capturar os instantes lampejantes onde as imagens tomam posição e se levantam no agora da cognoscibilidade, retornando de tudo aquilo que vem sendo recalcado na história da infância. Sustentando a tese de que as imagens da história pela infância se revelam por entre a barbárie e o reencantamento do mundo, a ordem e o tempo da história até então acervada é fragmentada e remontada em uma grande recusa do projeto civilizatório moderno burguês destinado à infância pobre.
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