Diversidade genética, resistência a sanitizantes, formação de biofilme e expressão de genes de adesão em Staphylococcus aureus provenientes de leite
Resumen
Staphylococcus aureus é o terceiro micro-organismo mais envolvido em doenças
transmitidas por alimentos no Brasil. A sua capacidade de formar biofilme em
diferentes superfícies da indústria de alimentos é um fator de risco para o
consumidor, devido a possibilidade de contaminação dos produtos alimentícios. Os
objetivos deste estudo foram verificar a diversidade genética, avaliar a capacidade
de formação de biofilme e a expressão de genes de adesão em isolados de S.
aureus provenientes de leite. Além disso, objetivou-se determinar o perfil de
suscetibilidade a sanitizantes e detectar a presença de genes de resistência a
sanitizantes. A técnica de spa typing foi utilizada para avaliar a diversidade genética.
Para avaliação da capacidade de formação de biofilme foram utilizadas microplacas
de poliestireno para selecionar diferentes perfis de formação de biofilme. Após foram
selecionados nove isolados de diferentes perfis de formação de biofilme (três fracos
formadores de biofilme, três moderados formadores de biofilme e três não
formadores de biofilme) e estes foram avaliados quanto a sua capacidade de formar
biofilme em aço inoxidável nas temperaturas de 7, 10 e 37 °C em caldo Triptona de
Soja (TSB) e leite UHT. Foi utilizada a técnica de PCR quantitativa em Tempo Real
(RT-qPCR) para avaliar a expressão dos genes de adesão (cna e ebpS). Para
verificar a suscetibilidade aos sanitizantes cloreto de benzalcônio e clorexidina
utilizou-se o método de microdiluição em caldo e PCR para detectar genes de
resistência a sanitizantes. Dos 31 isolados de S. aureus avaliados, 18 (58%)
produziram exopolissacarídeo. Pela avaliação em poliestireno, verificou-se que 14
isolados (45%) apresentaram capacidade de produzir biofilmes nessa superfície.
Dos nove isolados selecionados com diferentes perfis de formação de biofilme
verificou-se que todos produziram biofilme em aço inox em todas temperaturas e
meios de cultivo testados, independente de seu perfil de formação de biofilme em
poliestireno. Com relação à presença dos genes de adesão, os genes fnbA, fnbB,
clfB, ebpS e cna, foram encontrados em 48%, 3%, 52%, 80% e 62% dos isolados,
respectivamente. A RT-qPCR revelou variação nos níveis de expressão dos genes
ebpS e cna, entretanto, apenas no isolado C2, na temperatura de 10 °C, houve
expressão significativamente maior dos dois genes testados em relação as demais
temperaturas de multiplicação. Os isolados apresentaram perfil de resistência ao
cloreto de benzalcônio (90,3%) e a clorexidina (100%); além disso, os genes mepA,
norA e norB foram os mais prevalentes, com frequências de 77,4%, 80,6% e 100%,
respectivamente. O spa type t127 foi o mais prevalente entre os isolados, sendo que
esse spa type apresenta uma relação genética com isolados de origem humana,
podendo ser a fonte de transmissão de S. aureus para o leite. Os resultados obtidos
no presente estudo ressaltam a importância do monitoramento de S. aureus no
ambiente da indústria de alimentos, uma vez que este micro-organismo é capaz de
formar biofilme em diferentes superfícies, temperaturas e meios de cultivo e
apresenta resistência fenotípica e genotípica a sanitizantes.