A relação entre 1-metilciclopropeno e o progresso da podridão “olho-de-boi” (Neofabraea brasiliensis) em maçãs ‘MaxiGala’.
Resumo
Com o uso de tecnologias de refrigeração, atmosfera controlada (AC) e uso do 1-
metilciclopropeno (1-MCP), estendeu-se o período de conservação de maçãs, por
cerca de 12 meses. Mesmo assim, ainda são limitantes a ocorrência de distúrbios
patogênicos na pós-colheita. Nesse caso, tem sido cada vez mais frequente a
incidência da podridão “olho-de-boi” (Neofabraea ssp.). Dados gerados pela cadeia
produtiva da maçã apontam para perdas de 6 a 8% dos frutos durante a póscolheita,
devido a essa doença. Afora isso, há a percepção empírica de que a
incidência de podridões seja maior em frutos tratados com 1-MCP. Buscando
compreender se o 1-MCP é um fator facilitador de ocorrência da podridão “olho-deboi”,
estudaram-se maçãs ‘MaxiGala’, com e sem 1-MCP, durante duas safras (2017
e 2018), em dois pontos de colheita por safra, inoculadas ou não com o fungo N.
brasiliensis. Além disso, investigaram-se duas situações: aplicar o 1-MCP nas maçãs
previamente e posteriormente à inoculação. Avaliou-se, após 90 dias sob AC,
diâmetro da lesão, percentual de frutos podres, amolecimento de polpa, teor de
sólidos solúveis, acidez titulável, e o acúmulo de transcritos dos genes MdACO,
MdPG, MdPGIP, MdPPO, MdPAL e Mdthau. Observou-se que maçãs tratadas com
1-MCP antes da inoculação tiveram menores diâmetro de lesão, quando comparada
às maçãs com tratadas 1-MCP depois da adição do fungo. Por outro lado, essas
apresentaram menores % de frutos podres, quando comparada às maçãs tratadas
antes da inoculação. O 1-MCP teve efeito isolado apenas sobre o diâmetro da lesão,
em que maçãs tratadas com 1-MCP depois da inoculação com o fungo
apresentaram, em média, 1 mm de diâmetro de lesão a mais do que maçãs sem 1-
MCP. Sobre o percentual de frutos podres, foram fatores intrínsecos (safra e ponto
de colheita) os efeitos mais proeminentes, e não o 1-MCP. Safra 2017 e 1ª colheita
contribuíram para os menores % de maçãs podres (< 44%). As maçãs com maior
amolecimento de polpa foram as que tiveram um maior acúmulo de transcritos de
MdACO, MdPG, MdPGIP. O maior acúmulo de transcritos de MdPPO e MdPAL teve
correlação significativa com a podridão “olho-de-boi”, enquanto Mdthau não. Para
esse último gene, provavelmente, algum efetor desencadeado previamente ao
armazenamento foi responsável pelo maior acúmulo de transcritos. De modo geral,
os resultados indicaram que as respostas globais foram devidas as variáveis
intrínsecas, e não pelo 1-MCP. Com os resultados obtidos fica evidenciado de que
não se pode atribuir ao 1-MCP a maior suscetibilidade de maçãs à infecção de N.
brasiliensis. Além disso, como os fatores safra e ponto de colheita foram os mais
relevantes, isso indica que, para se chegar numa conclusão tecnológica mais
robusta, os experimentos devem ser conduzidos para mais safras.
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