Calhas com substrato de casca de arroz “in natura” e recirculação da solução nutritiva drenada: um sistema alternativo para o cultivo de minimelancia
Resumo
O sistema de cultivo e o substrato estão diretamente relacionados à
absorção de solução nutritiva pelas plantas e, portanto, ao crescimento da cultura,
à produtividade e à qualidade dos frutos. Este trabalho introduz o sistema de
calhas preenchidas com casca de arroz in natura com recirculação da solução
nutritiva drenada para a cultura da minimelancia, como alternativa ao sistema de
vasos, habitualmente utilizado em ambiente protegido. Para que um novo sistema
seja viável e possibilite boa produtividade e qualidade dos frutos, vários aspectos
devem ser estudados, entre estes, as características físicas e químicas do
substrato, a possibilidade de reutilizá-lo em cultivos sucessivos e o manejo
adequado das plantas. Neste último aspecto, a forma de condução das plantas,
aliada aos demais fatores, pode determinar o comportamento da cultura. O
objetivo do trabalho foi estudar o efeito do sistema de cultivo e do tempo de uso
sobre as alterações das características físicas do substrato de casca de arroz in
natura, o crescimento das plantas, a produção e a qualidade de frutos de
minimelancia cultivadas com diferentes números de hastes por planta. Dois
experimentos, empregando sistemas com recirculação da solução nutritiva foram
realizados em estufa plástica, localizada no Campo Didático e Experimental do
Departamento de Fitotecnia, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da
Universidade Federal de Pelotas. No primeiro, as plantas foram cultivadas em
vasos e calhas. No segundo, foram comparados substratos de primeiro e segundo
uso no cultivo em calhas. Em ambos os experimentos foi estudada a condução
das plantas em uma (com densidade de 2,9 plantas/ m2) e duas hastes com
densidade de 1,45 plantas/ m2). As variáveis avaliadas em ambos os
experimentos foram: o número de folhas, área foliar por planta, índice de área
foliar, massa fresca de frutos e total, índice de colheita, massa seca de folhas,
caule, frutos e total, número de frutos, massa média de frutos, produtividade por
planta e rendimento de frutos por unidade de área, teor de sólidos solúveis totais
(SST), acidez titulável (ATT), e relação SST/ATT dos frutos. Também foram
avaliadas as características físicas e químicas dos substratos antes e após cada um
dos cultivos. Os resultados obtidos no experimento 1 indicam que o sistema de
calhas teve maior impacto positivo sobre as características físicas do substrato,
cuja capacidade de retenção de água (CRA) passou do valor inicial de 7,9% para
15,6% ao final, enquanto que nos vasos se elevou a 11,2%. O sistema de cultivo
em calhas não afetou a produção e distribuição de biomassa das plantas em
relação ao cultivo em vasos, ambos sistemas não afetaram a produtividade, com
média de 8 Kg m-2, e a qualidade dos frutos. As plantas de duas hastes
apresentaram maior produção de massa seca, e maior produção de frutos (4,2 Kg
planta-1), com maior conteúdo de sólidos solúveis totais (SST; 11,4oBrix), ainda
que sem efeito sobre o peso médio de frutos, porém não superaram o crescimento
por unidade de área das plantas de uma haste, que também tiveram maior
número (7,3 frutos m-2) e produção de frutos (9,7 Kg m-2) por m2. No experimento
2, o substrato de 2º uso apresentou maior CRA (12,4%) que o substrato novo
(9,9%) e afetou negativamente a produção de biomassa das plantas, com redução
da ordem de 184% em relação ao substrato de 2º uso, bem como a partição de
massa seca destinada aos frutos teve redução na ordem de 30%. O substrato de
2º uso proporcionou melhores resultados de produtividade e qualidade para a
maioria das variáveis estudadas, obtendo-se 5,9 frutos e 5,3 Kg m-2, com SST de
10,5oBrix. No experimento 1, a partição de massa seca destinada aos frutos foi de
74,9%, já no experimento 2, a proporção de massa seca destinada aos frutos foi
de em, média, de 63,3%. As plantas de duas hastes tiveram resultados melhores
de peso médio de frutos e, consequentemente, de produção por planta do que as
plantas de uma haste, sem efeitos sobre o número de frutos planta-1, o rendimento
por m2 e a qualidade. A partir dos resultados obtidos em ambos os experimentos,
é possível concluir que plantas de minimelancia apresentam igual produção e
partição de biomassa tanto no cultivo em vasos como em calhas. Ambos sistemas
de cultivo afetam positivamente as características físicas da casca de arroz in
natura, porém no sistema de calhas este efeito é superior. O tempo de uso
beneficia a produção e distribuição de fotoassimilados para os frutos, e melhora as
características físicas da casca de arroz in natura. A condutividade elétrica (CE)
do substrato permaneceu baixa mesmo após dois cultivos. O crescimento e a
produção de uma planta com duas hastes é inferior à de duas plantas de haste
única, porém a partição de biomassa para os frutos não é afetada pelo número de
hastes das plantas.
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