Grupos de mídia pertencentes a partidos políticos: o caso de Malta a partir de 1991.
Abstract
O objetivo deste estudo visa desvendar a razão e o funcionamento de um fenômeno
incomum, em que partidos políticos são proprietários de grupos de comunicação em
massa. Para tratar de um tema como grupos de mídia pertencentes a partidos
políticos, esta pesquisa foca no único caso dentre as democracias europeias, na
República de Malta, pequeno Estado-nação no Mar Mediterrâneo, em que há grupos
de mídia pertencentes a organizações partidárias, estes gerenciando alguns dos
canais de televisão, estações de rádio, jornais diários e semanais, além de portais
de notícias. Há um rico conjunto de informações e exposição de detalhes sobre o
caso dos grupos de mídia partidários malteses na obra de Sammut (2007), cuja
citação será frequente na descrição do objeto de estudo deste trabalho. O marco
temporal deste estudo abarcará os antecedentes, desde a estatização da mídia
audiovisual em Malta, em 1975, passando pelo período de estabelecimento destes
veículos de comunicação partidários, a partir de 1991, até o período de consolidação
de fenômeno, em que é possível encontrar material bibliográfico sobre o caso, em
2014. Esta dissertação apresenta duas linhas de análise, uma sobre as razões do
estabelecimento e manutenção desse modelo ímpar de mídia partidarizada, e outra
sobre o funcionamento desse modelo, visando expor para quais objetivos esses
veículos de comunicação são empregados. Para a primeira linha de análise, as
razões do estabelecimento e manutenção serão tratadas sob uma ótica
neoinstitucionalista, empregando o ferramental teórico da dependência de trajetória,
também conhecido como path dependence. Para a segunda linha de análise, o
funcionamento do fenômeno será analisado sob a luz teórica da comunicação
política. Este trabalho conclui que, com o estabelecimento de grupos de mídia
partidários, diferentes correntes da opinião pública maltesa possuem meios mais
transparentes para saber quais são os interesses políticos de quem os informa, e
com o que é oferecido, cada indivíduo pode decidir qual ponto de vista seguir ou
desenvolver a sua própria visão dos fatos. A conclusão sobre um modelo de mídia
que contempla a existência de veículos de comunicação pertencentes a partidos
políticos, coexistindo com mídias de propriedade privada, religiosa e estatal, oferece
contribuições para futuras reflexões sobre o acesso à mídia por parte de distintos
grupos e correntes políticas, que representam setores de uma determinada
sociedade.
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