Divisão sexual do trabalho no campo: autonomia, emancipação e empoderamento, uma experiência de Educação Popular no RS.
Resumo
Esta pesquisa participante, trata sobre as relações de gênero no contexto rural de dois assentamentos da Reforma Agrária localizados no interior do município de Pinheiro Machado/RS. Como objetivo geral dessa pesquisa pretende-se investigar como as relações de gênero se constituíram e se desenvolveram nos assentamentos do MST, partir do Projeto de Extensão empreendido pela UFPel, relacionando artesanato, arte e docência em oficinas de criação, através do referencial da Educação Popular Feminista. São sujeitos(as) de investigação mulheres e homens camponeses, assentados da Reforma Agrária, dos assentamentos denominados Santa Inácia e Alegrias. Para a realização dessa investigação, partimos do cotidiano rural, explorando o espaço social e as experiências vividas, dando voz às mulheres sobre suas trajetórias de vida e trabalho. Os instrumentos para coleta de dados contemplou rodas de conversa, observação participante (anotações em um diário de campo), oficinas artesanais, debates e palestras sobre gênero, trabalho e patriarcado e registro dos encontros por meio de fotografias. Estas ferramentas metodológicas tiveram um fundamento político que possibilitou discutir a importância do processo de investigação tendo como perspectiva a intervenção na realidade social. Buscou-se trabalhar a autonomia, emancipação e o empoderamento das envolvidas e a consciência de que é preciso mudar as relações que qualificam e redimensionam a tripla jornada de trabalho feminino nos assentamentos, inteirando esse paradigma cultural como um componente das relações sociais no capitalismo patriarcal. Os resultados indicam que, embora ainda prevaleçam situações de desigualdades e de invisibilidade da mulher, além da tripla jornada de trabalho realizado por elas, a Educação Popular Feminista possibilitou, de maneira significativa, melhorias objetivas na realidade de vida e trabalho das mulheres, deslocando paulatinamente as fronteiras da desigualdade.
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