Cartilhas em língua alemã produzidas pelos sínodos luteranos no Rio Grande do Sul: usos e memórias (1923-1945).
Resumen
A presente dissertação tem como objetivo analisar representações ilustrativas de quatro cartilhas em língua alemã produzidas pelas editoras Rotermund, ligada ao Sínodo Rio-Grandense, e Concórdia, ligada ao Sínodo de Missouri. Ainda contou com a análise das narrativas de nove sujeitos alfabetizados por esses materiais em escolas sinodais luteranas. A pesquisa está compreendida entre 1923, ano em que é fundada oficialmente a editora Concórdia em solo brasileiro e 1945, em função da consolidação da nacionalização do ensino, quando foi proibida a veiculação da língua alemã nos materiais didáticos no Brasil. Desta forma, a problemática central da investigação está voltada a saber como as ilustrações nas cartilhas das editoras Rotermund e Concórdia influenciaram os usos desse material didático pelos sujeitos alfabetizados nas instituições religiosas luteranas da Serra dos Tapes. O estudo se encontra inserido no campo da História da Educação, tendo como suporte a perspectiva teórica da História Cultural e apoia-se no conceito de representação, especialmente, a partir Pesavento (2005), e está fundamentado pela metodologia de análise documental e de história oral. Compreende-se que estas cartilhas colaboraram na ressignificação cultural e social dos teuto-brasileiros que colonizaram o Rio Grande do Sul. Desta maneira, como contribuição para a área da História da Educação, investigou-se a proposta ideológica, moral e social deste material didático, levando em consideração os princípios doutrinários e ideológicos defendidos pelos sínodos luteranos (DREHER, 1984; WEIDUSCHADT, 2007), bem como atentou-se para a relação das ilustrações como o contexto geográfico do Rio Grande do Sul (KREUTZ, 1994). Já as narrativas possibilitaram uma maior aproximação com os usos e as influências destas representações na escolarização dos sujeitos entrevistados. A análise conjunta das diferentes tipologias de fontes possibilitou perceber os diversos usos das ilustrações nas cartilhas que estavam diretamente relacionadas com os princípios étnicos, sociais e religiosos apregoados pelos sínodos, cuja principal motivação era refletir e orientar o público para o qual eram produzidas. Conforme revelado pelas narrativas, estas imagens funcionaram como mediadoras num processo de ensino e aprendizagem sociocultural. Portanto, a promoção das relações sociais estabelecidas, evidenciadas pelas ilustrações, torna perceptível a tentativa dos sínodos de ressignificar valores étnico-culturais em seus leitores.
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