Feedback autocontrolado e aprendizagem motora em idosos.
Abstract
Estudos na área da aprendizagem motora têm apontado, principalmente nas últimas duas décadas, que os níveis de motivação e a efetividade da aprendizagem motora podem ser melhorados quando o aprendiz possui autonomia sobre alguma condição de prática, em comparação à prática externamente controlada. O suporte à autonomia em relação ao feedback extrínseco, em que os aprendizes são responsáveis pela escolha de quando receber feedback durante a fase de prática, têm demonstrado beneficiar a aprendizagem em diferentes populações. Experimentos com adultos jovens envolvendo essa variável têm mostrado que a estratégia de solicitar feedback após boas tentativas de prática a fim de confirmar bom desempenho é crucial para os efeitos positivos encontrados. Tal estratégia parece envolver a formação de uma base de referência de erro no início da prática, a fim de possibilitar a discriminação entre boas e más tentativas. No entanto, os idosos parecem apresentar problema justamente em estimar seus erros, dificultando a confirmação de bons desempenhos. Tem-se sugerido que esta possa ser uma das razões pelas quais os idosos não se beneficiem de arranjos típicos de feedback autocontrolado da mesma forma que adultos jovens. Para estruturar e discutir tais achados foi realizado um artigo de revisão sistemática, o qual norteou o experimento principal da tese. Esse último teve como objetivo investigar os efeitos do feedback autocontrolado na aprendizagem motora e na capacidade de estimar os erros, analisando esses efeitos em relação à frequência de feedback, aos níveis de autoeficácia, ao traço de extroversão e à concepção de capacidade dos aprendizes. Sessenta idosos com média de idade de 68,26 anos (DP = 5,83) praticaram uma tarefa de posicionamento linear. O experimento foi composto por fase de prática e, para medir a aprendizagem motora, testes de retenção e transferência. Os resultados do experimento principal, explorados em dois artigos, apontaram que a efetividade da aprendizagem com feedback autocontrolado e a capacidade de estimar os erros: 1) não dependem da frequência de feedback solicitada; 2) independem se os idosos são mais extrovertidos ou menos extrovertidos; 3) é melhor quando os idosos têm maior autoeficácia e apresentam uma concepção de capacidade fixa menor. Os achados fornecem indicações de fatores que podem auxiliar o processo de aprendizagem motora com suporte à autonomia por meio do feedback extrínseco, fortalecendo a importância de considerar aspectos motivacionais e as crenças em relação às capacidades pessoais na aquisição de habilidades motoras.
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