Efeito de um programa de exercícios físicos em mulheres diabéticas usuárias de Unidades Básicas de Saúde da cidade de Pelotas-RS: ensaio clínico randomizado.
Resumen
O Diabetes Mellitus tipo 2 (DMT2) é uma doença que atinge parcela substancial da
sociedade contemporânea, sendo causa de elevada taxa de mortalidade e tendo
relação direta com doença cardiovascular, cegueira, falência renal e amputação de
membros inferiores. Embora bastante evidenciados na literatura os efeitos positivos
do exercício físico para a prevenção e o controle do DMT2, ainda se verificam algumas
lacunas nessa área, especialmente no que diz respeito aos modelos contemporâneos
de exercício que vem surgindo e no que diz respeito a aplicabilidade de intervenções
comunitárias com baixo custo. A presente tese investigou os efeitos do treinamento
físico em circuito em mulheres com DMT2 usuárias de Unidades Básicas de Saúde
(UBS) da zona urbana da cidade de Pelotas-RS, através de ensaio clínico
randomizado conduzido entre os anos de 2016 e 2017. Um artigo de revisão
sistemática e metanálise, um de metodologia e outro de resultados fazem parte dessa
tese. No primeiro artigo buscou-se determinar os efeitos de intervenções com
exercícios físicos sistematizados (aeróbios, resistidos ou combinados) sobre
desfechos relacionados ao DMT2: índice de massa corporal (IMC), glicemia de jejum
(GLI), níveis de insulina (INSUL) e resistência à insulina (HOMA-IR), onde os
resultados demonstraram que os exercícios aeróbios foram eficientes para redução
do IMC, GLI e do índice HOMA-IR e que os exercícios combinados são eficientes para
redução do IMC e do índice HOMA-IR, assim, os dados demonstraram que os
exercícios aeróbios e/ou combinados são eficientes para atenuar o impacto do DMT2.
No segundo estudo descreveu-se o protocolo experimental da intervenção, bem como
os desfechos e o modo como foram avaliados, além de terem sido apresentados
resultados de caracterização da amostra na linha base do estudo, sendo que nesse
momento haviam sido avaliadas 60 senhoras com idade média de 57,5 ±9,0 anos,
com diagnóstico de DMT2 a 7,4 ±7,7 anos, onde 93,3% utilizavam medicamentos para
o diabetes, tendo a hipertensão como comorbidade mais reportada (80%), além disso,
63,5% relataram não realizar atividades físicas, baseando-se nesse cenário pareceu
importante conduzir a intervenção nesta população. No terceiro estudo, teve-se como
objetivo determinar os efeitos do programa de treinamento em circuito sobre
desfechos relacionados ao DMT2 em usuárias de UBS através de ensaio clínico
randomizado (NCT03221868), onde cinco UBS foram randomizadas, duas para o
grupo intervenção (GI) e três para o grupo controle (GC). Análises foram conduzidas
por intenção de tratar (ITT: n=41) e aderência (AA: n=29). Na linha de base nos dois
tipos de análises o GI diferiu do GC em relação ao consumo de medicamentos para
ouras doenças, sem ser a DMT2. A pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial
diastólica (PAD) reduziram significativamente nos dois grupos ao final da intervenção
(PAS: p=0,01 AIT; p=0,03 AA) (PAD: p=0,04 AIT; p=0,03 AA). A ANOVA de duas
entradas indicou que a força de membros inferiores aumentou significativamente no
GI ao final do estudo (FMI: p<0,001 AIT; p=0,002 AA) e foi significativamente melhor
no GI em relação ao GC (p=0,02 AIT e AA respectivamente) essa diferença foi
verificada também pela variação delta (p=0,002 AIT e p=0,001 AA). A variação delta também apontou melhoria na aptidão aeróbia máxima no GI em relação ao GC
(APTAM; p=0,01 AIT e p=0,02 AA) ao final do estudo. Assim, nesse estudo, foi
possível concluir que o treinamento em circuito promoveu redução da PA e aumento
da aptidão física das participantes. Em conclusão, pode-se inferir que o exercício físico
estruturado pode contribuir de forma eficiente para o controle de alguns desfechos de
saúde relacionados ao DMT2 e que o modelo de intervenção com treinamento em
circuito foi eficiente para o controle da pressão arterial e melhoria da aptidão física de
senhoras que em sua grande maioria tinham como principal comorbidade a
hipertensão e mais de 2/3 não praticavam atividades físicas na linha base do estudo.
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