A profanação de Machado de Assis nas bioficções brasileiras
Resumen
O objetivo desta dissertação é analisar a representação do escritor Machado de Assis em textos bioficcionais produzidos na virada dos séculos 20 e o século 21. O recorte escolhido, para tanto, inclui as seguintes obras: Viagens e viajantes na história da literatura (1998), de João Inácio Padilha, Machado (2016), de Silviano Santiago, e O homem que odiava Machado de Assis (2019), de José Almeida Júnior. Os autores acionam a profanação agambeniana com a finalidade de restituir Machado de Assis ao livre uso dos leitores, devolvendo-lhe e devolvendo-nos o que antes fora sequestrado pela consagração. O trabalho apresenta, neste percurso, considerações teóricas e analíticas que demonstram como os discursos de recepção crítica da obra machadiana agem como dispositivos de captura e aprisionamento de uma determinada imagem do autor, diferente da imagem do indivíduo. Evidencia-se, também, o discurso machadiano como ação da subversão do discurso hegemônico. Finalmente, o trabalho opera uma diferenciação dialética entre o Machado e o Machado canônico, analisando as implicações resultantes da canonização de uma obra literária. Comprovando-se que, pela profanação, os autores efetuam a vera religio, suplantada pelo velho desejo de perpetuação de um dispositivo. Assim, as diversas formas de vida do escritor fluminense, são superadas e incluídas na forma-de-vida que inviabiliza as fraturas impostas.
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