Suscetibilidade de populações dos dípteros Anastrepha fraterculus, Ceratitis capitata (Tephritidae) e Drosophila suzukii (Drosophilidae) a inseticidas e efeitos transgeracionais sobre o himenóptero Trichopria anastrephae (Diapriidae)
Resumen
Dentre os artrópodes-praga de maior importância na fruticultura brasileira,
estão as moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae), com destaque para
Anastrepha fraterculus Wiedemann, 1830 e Ceratitis capitata Wiedemann,
1824. Contudo, a partir de 2014, Drosophila suzukii Matsumura, 1931 (Diptera:
Drosophilidae) ganhou status de principal praga de frutos de tegumento fino,
devido à capacidade das fêmeas de perfurar frutos intactos para oviposição.
Para as três espécies, o controle químico com a utilização de inseticidas
sintéticos é a estratégia mais utilizada de manejo em campo. Diante do
elevado número de aplicações (de 4 a 6 por safra), surgem preocupações
quanto aos efeitos gerados na entomofauna benéfica e a probabilidade de
evolução da resistência aos inseticidas. Frente a isso, o objetivo do presente
estudo foi conhecer a suscetibilidade de populações geograficamente distintas
de A. fraterculus, C. capitata e D. suzukii a inseticidas, bem como avaliar os
efeitos letais, subletais e transgeracionas de inseticidas sobre o parasitoide
Trichopria anastrephae Costa Lima, 1940 (Hymenoptera: Diapriidae),
considerado o principal parasitoide pupal de D. suzukii no Brasil. Através de
bioensaios de ingestão utilizando uma população suscetível de referência de A.
fraterculus, C. capitata e D. suzukii, foram definidas as concentrações letais
(CL50 e CL90) e as concentrações diagnósticas (com base nos valores de CL99)
de diferentes inseticidas. Para a população suscetível de referência de A.
fraterculus, os inseticidas apresentaram baixos valores de CL50 em relação a
suscetibilidade a lamba-cialotrina (6,34 µg i.a./mL), malationa (6,54 µg i.a./mL)
e espinosade (8,76 µg i.a./mL). A população suscetível de laboratório de C.
capitata teve resposta semelhante de concentração letal (CLs), sendo
espinosade (1,30 µg i.a./mL), espinetoram (2,76 µg i.a./mL) e malationa (7,10
µg i.a./mL), contudo foram determinadas CLs significativamente mais elevadas
para lamba-cialotrina (76,55 µg i.a./mL). Da mesma forma, os valores de CL50
para deltametrina (0,67µg i.a/mL), malationa (3,30 µg i.a/mL), espinosade (4,16
µg i.a/mL), espinetoram (4,75 µg i.a/mL) foram menores para população
suscetível de D. suzukii que abamectina (15,02 µg i.a/mL), acetamiprido (39,38
µg i.a/mL) e tiametoxam (70,15 µg i.a/mL). As concentrações diagnósticas de
cada inseticida causam mortalidade superior a 90% para as três espécies,
sugerindo uma baixa variação interpopulacional na suscetibilidade. Ao avaliar a
toxicidade letal, subletal e os efeitos transgeracionais dos inseticidas
abamectina, deltametrina, malationa, espinetoram e tiametoxam sobre adultos
de T. anastrephae durante as gerações F0, F1 e F2, foi verificado que na
geração F0, malationa foi o único inseticida que provocou 100% de mortalidade
dos parasitoides. Contudo, todos os inseticidas avaliados afetaram a taxa de
parasitismo, sendo classificados como moderadamente e levemente nocivos.
Na geração F1 do parasitoide, a emergência também foi afetada, classificando
os inseticidas malationa, deltametrina, espinetoram e tiametoxam como
moderadamente a levemente nocivos. Contudo, o inseticida abamectina foi
classificado como inócuo. Na geração F2 os inseticidas avaliados não causaram
efeitos negativos sobre o parasitoide T. anastrephae sendo classificados como
inócuos. As concentrações diagnósticas definidas podem ser utilizadas em
programas de monitoramento de resistência no Brasil. Assim como, para se
estabelecer um programa de MIP o conhecimento da toxicidade dos inseticidas
ao parasitoide T. anastrephae é fundamental para manter a sustentabilidade do
sistema de manejo.
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