Ocorrência, dinâmica de sementes e estabelecimento inicial de Aeschynomene spp. em arroz irrigado no Rio Grande do Sul
Resumo
O angiquinho (Aeschynomene spp.) é uma planta daninha semi-aquática da família
das Fabaceas, com metabolismo fotossintético C3, caracterizada por folhas
compostas paripenadas, caule corticoso, flores papilonáceas amarelo-avermelhadas
e legumes articulados, chamados de lomentos. Algumas das 49 espécies que
presentes no território nacional ocorrem nas áreas orizícolas dos estados de Santa
Catarina e do Rio Grande do Sul, sendo considerada a principal infestante de folhas
largas da cultura do arroz irrigado. O conhecimento de aspectos ecofisiológicos de
plantas daninhas são essenciais para desenvolver práticas de manejo integrado. A
hipótese deste trabalho é a de que a prevalência de espécies de Aeschynomene na
lavoura de arroz irrigado decorre da viabilidade e dormência de suas sementes no
banco do solo e emergência sob lâmina d’água. O objetivo foi esclarecer quais são as
características e os processos que permitem que espécies do gênero Aeschynomene
se estabeleçam e se perpetuem na lavoura de arroz irrigado. Assim, quatro estudos
foram conduzidos: 1) levantamento das espécies de Aeschynomene spp. com
ocorrência no estado do Rio Grande do Sul, sua distribuição nas regiões orizícolas e
das práticas adotas pelos produtores para seu manejo; 2) determinação do fenômeno
de dormência em suas sementes e do método mais eficiente para superação deste;
3) determinação da longevidade do banco de sementes no solo; e, 4) elucidação do
efeito da presença de lâmina d’água, manejo d’água, temperatura e fotoperíodo na
emergência e estabelecimento desta planta daninha. Como resultados foram
identificadas quatro espécies nas lavouras do RS: A. denticulata, A. indica, A. rudis e
A. sensitiva, sendo a primeira a mais frequente e, a deficiência na irrigação foi
apontada pelos produtores como a principal razão da perpetuação da espécie. As
sementes de A. denticulata e A. indica apresentaram dormência exógena, que pode
ser superada pela escarificação mecânica de seu tegumento. O banco de sementes
de A. denticulata e A. indica apresentou redução de 46% e 97% no período de um
ano, respectivamente. A presença de lâmina d’água impediu a emergência de
plântulas de A. denticulata e A. indica, que encontraram as condições mais favoráveis
para emergência nas temperaturas e fotoperíodo das épocas de semeadura
simuladas de outubro e novembro, independente do solo se encontrar úmido ou
saturado, mesmo após remoção da lâmina d’água.
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