Reserva de ferro reduzida em crianças com transtorno do espectro autista
Abstract
A deficiência de ferro pode ser determinada pelos estágios de depleção, deficiência de ferro e anemia. A hemoglobina (Hb) é utilizada para estabelecer o diagnóstico de anemia, já a concentração sérica de ferritina é utilizada para estimar o conteúdo de ferro armazenado. A depleção de ferro é indicada por
valores abaixo de 12μg.L-1 em crianças menores de 5 anos e abaixo de 15μg.L- 1 para crianças entre 5 e 12 anos. Entretanto, a ferritina deveria ficar acima de 30 μg.L-1 uma vez que valor abaixo de 15μg.L-1 indica presença de repercussões fisiológicas, em especial no encéfalo. Sabe-se que na população pediátrica em geral a deficiência de ferro é muito frequente, porém é ainda mais comum em transtornos do desenvolvimento infantil, como o Transtorno do espectro autista (TEA). O objetivo do estudo foi investigar a concentração sérica de ferritina em crianças e adolescentes com TEA. Foi realizado estudo transversal, com crianças e adolescentes entre 3 e 18 anos de idade, diagnosticados com TEA. Foram excluídos aqueles com diagnóstico de neuropatias e cardiopatia congênita, em uso de suplementos e que não realizaram a coleta de sangue. Foram avaliados 57 participantes entre 3 a 18 anos de idade. Foi realizada antropometria e os responsáveis responderam a um questionário padronizado sobre características sociodemográficas e dados clínicos. As variáveis analisadas foram escolaridade materna (anos); idade da criança/adolescentes (anos); sexo (masculino e feminino), cor da pele (branca 10 e não branca), índice de massa corporal (IMC) em escore-z para idade, uso de
antipsicóticos (sim ou não). As variáveis de desfecho foram ferritina ng.ml-1 e Hb g.dl-1. Considerou-se anemia valores de Hb abaixo de 11,5 g.dL-1 para crianças de 2 a 12 anos e abaixo 12,0 g.dL-1 para maiores de 12 anos. Foi considerada reserva de ferro reduzida uma concentração de ferritina abaixo de 30 ng.mL-1. Quanto as análises de exposição em relação ao desfecho, a comparação entre duas ou três categorias foi realizada com testes não paramétricos. A associação independente entre cada faixa etária do estudo e a concentração de ferritina e de Hb foi testada usando análise de regressão
linear ajustada. As variáveis de ajuste foram escolaridade da mãe, idade, sexo, cor da pele, uso de antipiscóticos e excesso de peso. Considerou-se diferença estatística significativa p<0,05. A média de idade foi 8,5±3,1 anos, a maioria do sexo masculino, de cor branca, com uso de antipsicótico e excesso de peso. A escolaridade materna foi igual ou superior a 9 anos (63,2%), a prevalência de
reserva de ferro reduzida e anemia foi de 21,1% e 7,0%, respectivamente. A análise ajustada indicou que 17% da concentração sérica de ferritina foi atribuída a escolaridade materna e a idade. A reserva de ferro foi menor entre crianças com idade ≤ 5 anos, quando comparada aquelas com idade acima de
5 anos. Conclui-se que a reserva de ferro foi reduzida em crianças do espectro autista na faixa etária ≤5 anos de idade, apesar da ausência de anemia.
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